Nós, cinquentões, vivemos uma época de ouro - época das dificuldades, porém, época da disciplina, época em que nossas atitudes estavam atreladas a uma única palavra: Respeito!
Respeito aos pais e aos professores, respeito aos mais velhos, respeito aos amigos e sacerdotes... A gente não faltava à missa ou ao culto da nossa igreja.
Lembram que, do nosso quarto, antes de dormir, a gente gritava:
- ‘Bença’ mãe!
E ela docemente respondia:
- Deus te abençoe!
Tivemos uma infância espetacular, descemos a ladeira amontoados num carrinho de rolimã, jogamos bola na chuva, escorregamos no barro, rolamos na enxurrada.
Mais crescidos, frequentamos bailinhos, vivemos nossas paqueras, nossos segredos e nossos medos.... Namoramos nos bancos da praça!
Lembram da música do Adoniran Barbosa?
“Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar...”.
E não dormia mesmo, ela só descansava na hora em que o último filho chegava em casa.
Pois é... Tivemos as melhores mães do mundo, rígidas é verdade, mas que queriam nosso bem, apenas nosso bem.
Quando brincávamos na rua elas, da calçada, ficavam cuidando da gente... Quando aparecia algum machucado ela vinha com água oxigenada, esparadrapo e merthiolate (pensa num remédio que ardia até a alma), mas bastava seu sopro e pronto: o machucado sarava feito um passe de mágica.
Pelo menos uma vez por semana nossa mãe pegava um por um, colocava nossa cabeça em seu colo para examinar se tínhamos piolhos... Era um momento mágico, feito garimpeiro, ela catava todos... Se tivéssemos infestados ela enchia nossa cabeça de Neocid, enrolava um pano e ainda falava:
- Se coçar e por a mão na boca você morre!
Pois é, não morremos... E esta não era sua única “fake news”... Quando estava brava, de chinelo em punho ela, em pé na porta, dizia:
- Pode passar, eu não vou te bater... Ah batia, mas tudo fazia parte da formação do nosso caráter!
Sim... Tínhamos nossas obrigações: tirar boas notas, ajudar nos serviços de casa... E ninguém morreu por isso!
Não tinha essa molezinha de ganhar celular de presente, aliás, não tinha presente, nem celular existia... Nosso brinquedo a gente mesmo fabricava!
E hoje, quando ligo o motor da nossa caravela da saudade, e todos curtem, comentam e embarcam nela, tenho a certeza que realmente fomos uma geração feliz!
Um abraço a todos vocês, gente do meu tempo!
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