Num outro dia de calor intenso, entre uma ordem de serviço e outra, efetuando trabalho individual, comprei uma generosa fatia de melancia de um ambulante na entrada do bairro popular.
Parei numa sombra, com o ar condicionado da camionete ligado, e degustei aquela delícia.
Como não vi nenhum lixo por perto fui para o próximo serviço!
Chegando na casa onde eu iria conferir uma leitura, avistei uma caçamba de lixo do outro lado da rua.
Ao colocar a casca da melancia dentro da caçamba um menino todo sujinho de brincar gritou comigo:
- Moço, por que você não me deu a melancia em vez de jogar no lixo?!
- Mas não tinha mais nada na casca! Retruquei.
Ato contínuo - o menino ficou tentando, sem sucesso, subir na caçamba pra apanhar aquela casca completamente esbranquiçada.
Foto: Reprodução
Quem aguenta ver uma cena dessas?
Corri para uma quitanda, ali no bairro mesmo, em frente à Capela São Judas, onde comprei uma melancia bonita e inteira!
Voltei para a conferência de leitura e avistei o menino ainda perto da caçamba de entulho:
- Toma aqui, você não queria chupar melancia?
- É pra mim, tio? Perguntou ele admirado!
- Sim, é pra você!
Depois disso só ouvi um "brigado tio" e um grito de alegria:
- Mãããããeeeeee, ganhei uma melancia, vem buscar!
A mãe correu buscar a melancia e, de mãos postas em direção ao céu, fez o gesto de agradecimento.
Rapidinho juntou um monte de criança, também felizes, para a "Festa da Melancia".
Não se preocupem, eu também chorei!
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