Mãe...
Hoje (8), Dia Internacional da Mulher, eu jamais esqueceria de lembrar de você, a mulher que mais amei nessa vida.
Sim, mãe, você era bipolar como todas as mães, brava e enérgica, ao mesmo tempo, doce como cocada branca e suave como o sopro de uma borboleta.
"Um dia eu ainda sumo no mundo, aí vocês vão me dar valor!"... Lembra que você dizia quando estava injuriada com a gente?
Nunca levamos suas ameaças a sério, minutos depois você se esquecia e, carinhosamente, um a um nos afagava.
Mas o tempo passou, minha mãe...
Hoje muitos anos depois, exatamente à meia noite e quarenta, me lembro que eu morria de medo de perder você... Penso que naquele tempo, talvez, não suportasse te perder.
Lembro, minha mãe quando, com dez anos, eu madrugava para entregar leite de porta em porta, ouvia o rádio das casas sintonizadas na Rádio Clube de Ourinhos, o programa do Zé Godoy e Felipe Duarte, tocando as canções sertanejas raiz.
Havia uma canção, "Coração de Luto" (confira o vídeo abaixo), que tocava todo santo dia, só de ouvir me causava pavor, medo de te perder, mamãe:
" O maior golpe do mundo
Que eu tive na minha vida
Foi quando com nove anos
Perdi minha mãe querida
Morreu queimada no fogo
Morte triste, dolorida..."
Em 92 você partiu para a morada eterna, dois anos antes já não conhecia mais ninguém, paulatinamente foi se desligando do mundo, feito uma vela se apagando, mesmo assim não deixei de te amar.
Sinto saudades de tudo, mamãe... Do tempo que você era radioescuta sentada na mesa anotando tudo que se falava no rádio, até do seu avental surrado, todo molhado pela labuta no tanque de cimento, esfregando nossas roupas.
Mesmo já adulto confesso que nunca consegui esquecer da grande mãe que Deus me deu.
Ficou guardado em mim um sentimento de amor e gratidão.
Você era minha super mãe!
Minha frustração, talvez única, minha mãe, é pensar que eu poderia ter sido um filho mais legalzinho, porém, sua pureza e bom coração, certamente, perdoou todas minhas mancadas!
Te amo, mamãe!