As três estudantes da universidade particular de Bauru (133 km de Ourinhos), desistiram do curso de biomedicina após debocharem de uma colega de turma que tem mais de 40 anos. O caso ganhou grande repercussão nas redes sociais após a divulgação do vídeo em que as jovens ridicularizam a colega mais velha. Na gravação, uma delas questiona como desmatricular um colega de sala e afirma que a mulher deveria estar aposentada por ter mais de 40 anos.
Um processo disciplinar foi instaurado pela universidade, mas perdeu o objeto com a desistência das estudantes. De acordo com o centro universitário Unisagrado, a medida foi solicitada pelas próprias jovens e não está relacionada ao processo disciplinar. As universitárias foram identificadas como Giovana Cassalatti, Beatriz Pontes e Bárbara Calixto.
O vídeo viralizou nas redes sociais na última sexta-feira (10) (veja mais abaixo) e gerou indignação entre os usuários da internet. A defesa de uma das jovens, Giovana Cassalatti, afirmou que a estudante está sofrendo ameaças e linchamento virtual em virtude do envolvimento no caso. O advogado que representa a jovem disse que a desistência do curso tem origem no medo de retornar às atividades na universidade em razão das ameaças.
As ofensas relacionadas ao etarismo causaram revolta entre os internautas e reforçam a necessidade de combater o preconceito e a discriminação em todas as suas formas. É importante que as instituições de ensino promovam uma cultura de respeito e tolerância, e que casos como esse sejam tratados com seriedade e rigor para garantir que todos os alunos sejam tratados com igualdade e dignidade.
Nota na íntegra da estudante Giovana Cassalatti, uma das estudantes
"Giovana Cassalatti, universitária bauruense envolvida em caso de grande repercussão midiática na última semana, vem, por seu advogado, manifestar-se quanto ao ocorrido.
Antes de tudo, cumpre esclarecer que o caso tomou proporções inimagináveis, pois inicialmente o fatídico vídeo foi publicado em rede social de uma das alunas e, apenas, para seus 15 (quinze) melhores amigos.
Logo, afirma-se que jamais objetivou-se atentar contra a imagem ou qualquer outro direito da personalidade pertencente à personagem alvo das falas contidas no vídeo, que, por sua vez, sequer teve seu nome citado.
Ao contrário, um dos participantes do precitado grupo restrito da rede social utilizou-se do vídeo para lançá-lo na rede mundial de computadores, de maneira irrestrita, sem contexto e em prejuízo à imagem das integrantes do vídeo.
Ressalta-se que as falas podem ter repercussão no campo moral. Entretanto, a tentativa de criminalização e as suposições quanto à possíveis atos ilícitos no âmbito civil, amplamente veiculadas nos últimos dias, ultrapassam a medida do razoável.
Os fatos ganharam tamanha proporção que as jovens passaram a ser alvo de ameaças de morte e agressão, o que lhes impede de retomar suas vidas cotidianas. Trata-se, pois, de sequelas infinitamente maiores às, supostamente, impelidas a quaisquer dos personagens envolvidos no caso.
Neste ponto, é preciso destacar a força das redes sociais e seus influenciadores que, por não medirem a força de seus posicionamentos e colocações acabam por incentivar o linchamento virtual e por incitar grupos radicais à prática de agressões reais.
Sobre o tema, informamos que as medidas jurídicas contra àqueles que ofendem, agridem, disseminam informações falsas, criam perfis falsos em redes sociais e ameaçam a integridade física da universitária serão tomadas em momento oportuno, pois o ambiente virtual não pode servir de escudo para a prática de crimes.
Tais questões, por óbvio, geraram repercussão na saúde mental da universitária, pois os valores morais recebidos de sua família são incompatíveis com o desejo de inferiorizar um semelhante, independentemente do que vem sendo veiculado.
O preconceito - seja ele etário, racial, social, religioso, de gênero e todas as suas demais expressões - não faz parte dos valores disseminados pela estudante, de maneira que o episódio reforçará sua busca por posições que se coadunem com seus princípios éticos e morais em seu cotidiano.
Por fim, em que pese sabidamente complexo, o ocorrido não deve servir-se ao papel de oprimir, calar, envergonhar ou ameaçar jovens, cuja trajetória ainda se inicia. Inevitavelmente, durante a vida, lições serão aprendidas, entretanto a maneira de ensiná-las é uma escolha da sociedade em que vivemos".