Sinceramente eu não tinha noção que, ao revirar meu baú de histórias, estaria resgatando recortes da juventude de muita gente, estaria, também, resgatando verdadeiros tesouros sociais, familiares e de vida... Confesso que me sinto feliz por isto!
Havia um fato em minha vida, coisa bem pessoal, que eu não conseguia unir os pontos pra relatar a história de uma maneira coerente, verdadeira e conclusiva.
Pois bem, outro dia um dos meus leitores anônimos, confidenciou:
“Que legal, João, você trabalhou do lado da casa dos donos do Bar Marabá... O Júlio Ishiguro era um dos filhos deles... Tínhamos uma banda de rock e nos finais de semana a gente ensaiava lá!”
Aí ele se identificou, diz se chamar Valdecyr Tavares, disse ainda que, o Oscar Boneto, do Banco do Brasil, fazia parte da banda, e que foi um tempo feliz na vida deles.
O que ele não sabia é que eu, fascinado por rock and roll, era o único espectador do som deles. Finais de semana eu ia até a serralheria só pra ouvi-los ensaiar.
Eu ficava do outro lado do muro, sentado numa lata de tinta vazia, escondido, anônimo, sem que eles me vissem, ouvindo o som das guitarras e as batidas da bateria.
A única coisa que eu enxergava eram os gatos da mãe do Júlio, que ficavam enfileirados sobre o muro, penso que, ouvindo os ensaios também!
Ah, Valdecyr... Vocês foram protagonistas de meus primeiros “shows” ao vivo, gratuitos, sem cobrança de ticket’s ou entrada, ainda que eu pudesse apenas e tão somente ouvi-los...
Acreditem, vocês preencheram com musicalidade muitas das minhas tardes juvenis... Tempos que estarão eternamente guardados in mi corazón.
Obrigado, meu caro... Tenha a certeza que subi com vocês “a Rua Augusta a 120 por hora”, que com vocês cantei Creedence “Have You Ever Seen The Rain”, cantamos Elvis, Roy Orbson... Até o Raulzito, em início de carreira, vocês cantaram comigo... “eu devia estar feliz por ter conseguido comprar um Corcel 73...”
Pra mim o sonho não acabou!
E pra encerrar no melhor estilo Elvis Presley, só tenho a dizer:
“Tank you very much!”