Engraxar sapatos, apesar de render uns trocados, não era bacana.
Diante disso nós, pobres de “marré deci”, tínhamos que buscar algumas alternativas de lazer.
Num momento a gente ficava admirando o chafariz da Praça Melo Peixoto... Outro instante a gente ficava vendo os peixes coloridos do lago, outra hora a gente corria atrás dos pombos. Até futebol a gente jogava atrás da estação de trem.
Aí surgiu uma nova alternativa de diversão, o recém inaugurado prédio do Banco Brasul... Sim, até então o maior arranha céu da cidade.
O prédio por si já dava tontura só de olhar pra cima.
Imagem do Banco Comercial Brasul, hoje Itaú, na Avenida Dr. Altino Arantes, no centro de Ourinhos (Foto: Reprodução Google Maps)
Descobrimos que pra subir lá não tinha escadaria, a subida era por um dispositivo chamado elevador!
E fomos lá experimentar o tal elevador.... Nem precisa dizer que o porteiro não deixou a gente nem chegar perto do equipamento, fomos barrados da rua mesmo.
A partir daquele dia nosso objetivo passou a ser este: andar de elevador!
Eis que num belo dia o porteiro apareceu na praça querendo engraxar seus sapatos... Ele foi direto e fez uma proposta pra nós:
- Se vocês engraxarem meus sapatos, uma vez por semana, eu deixo vocês subirem no elevador... Só não pode levar a caixa e tem que ser de dois em dois!
Evidente que aceitamos, criamos até uma escala para a engraxada e para subir no elevador.
O que faltou foi ter um celular para registrar nossos passeios nas alturas!
Só não entendo o motivo da gente não ter conhecimento do elevador do Bradesco, prédio mais velho, senão a gente teria ido até lá também, atormentar a vida do porteiro!
Hoje, olhando pro alto parece que minha turma ainda está pela praça, só impressão, ao menos os pombos ainda desfilam por aqui. O garapeiro e o pipoqueiro foram embora, o bilheteiro cadeirante também!
É, o tempo passou minha gente!
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