O governo federal bloqueou o Bolsa Família de 1,2 milhão de pessoas que dizem morar sozinhas e passaram a receber o benefício durante o período eleitoral, no segundo semestre de 2022. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, esse grupo terá 60 dias para recadastrar as informações e demonstrar que, de fato, preenche os requisitos para acessar o benefício.
De acordo com o governo, essa medida foi tomada porque houve uma "explosão" de cadastros de famílias unipessoais em 2022 – e suspeita-se que boa parte desses novos cartões seja fruto de informações falsas. No modelo que vigorou até 2021 e foi retomado neste ano, o Bolsa Família paga um valor-base por família e um adicional por criança e adolescente no cadastro.
Em 2022, no entanto, o Auxílio Brasil estabeleceu um repasse mínimo de R$ 600 por família, independentemente do número de pessoas. Isso fez com que famílias fraudassem o benefício ao dizerem que cada morador da casa era uma "família unipessoal". Ou seja: havia um cadastro para a mãe, um para o pai, e um para cada filho – todos recebendo R$ 600 cada.
O aviso do bloqueio do benefício será enviado pelo aplicativo do Cadastro Único e por SMS. E quem não atualizar as informações ou comprovar que mora sozinho pode ter o Bolsa Família suspenso de forma definitiva. Se o beneficiário comprovar que compõe uma "família de uma pessoa só" e tem direito ao benefício, essas parcelas bloqueadas serão depositadas de forma retroativa.
O governo já começou a informar os beneficiários que estão com Bolsa Família suspenso. A mensagem enviada tem o seguinte formato (sem acentuação e pontuação):
"Mensagem do Bolsa Família: benefício bloqueado por averiguação. Você precisa esclarecer informações do seu cadastro. Se você realmente mora sozinho, procure o setor do Cadastro Único na sua cidade até 16 de junho e atualize seu cadastro para evitar o cancelamento do seu benefício do Bolsa Família. Mais informações: ligue 121 - motivo: ave unipessoal cód. P1-76".
O governo estima que o benefício médio do Bolsa Família esteja em R$ 670 em 2023, com um "piso" de R$ 600 e um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos na família. A suspensão do benefício para aqueles que não atualizarem as informações ou não comprovarem que moram sozinhos será uma medida para evitar fraudes e garantir que o benefício chegue às famílias que realmente necessitam.