Num outro final de abril meu pai arrumou uma pescaria, ele queria aproveitar o restinho de calor do começo do outono. 

Fomos no Panema, ao lado da ponte da linha férrea.

Fomos só eu e ele, pegamos o ônibus da Princesa do Norte que ia até Marques dos Reis.

Pensa numa pescaria ruim, pegamos três ou quatro “mandizinhos” ordinários... Meu pai sugeriu que fossemos até as lagoas, perto do Diacuí.

“Vixi”, nas lagoas nenhum sinal de peixe, nem beliscaram, só demos banho nas minhocas.

Ajeitamos as tralhas e fomos esperar o ônibus de volta.

Enquanto a gente seguia pela estradinha de areião, meu pai atirava pedras nas lagoas, de tal maneira que a pedra deslizava sobre a água, depois de tocar várias vezes no espelho d'água, a pedra afundava... Era até bonito de ver. Cada pedra que ele atirava quase chegava do outro lado da lagoa.

Ele disse:

- Pega uma pedra, tenta você também. 

Peguei uma pedra e atirei na água, a pedra afundou na hora... Tentei várias vezes e não consegui.

Aí ele me falou:

- Tem que ter estratégia pra conseguir, primeiro você escolhe uma pedra bem achatada, joga ela na horizontal, girando com força, rente ao espelho d'água.

Não teve erro, fiquei uns 20 minutos atirando pedras na lagoa, não errei mais nenhuma.

Hoje, me lembrei disso quando vi um moleque atirando pedras no lago perto de casa.

Mais uma metáfora do meu pai, um sábio por excelência:

"Tudo tem estratégia, use a força e a forma correta, você atingirá seus objetivos"!

Palavras para a vida!

João Neto nos dias de hoje ao lado do Rio Paranapanema (Foto: Arquivo Pessoal)