O Brasil registrava, em 2022, 21,5 milhões de crianças de até 14 anos consideradas pobres, representando quase metade (49,1%) dessa faixa etária. Os dados, provenientes da Síntese de Indicadores Sociais 2023 do IBGE, destacam que o grupo de crianças extremamente pobres totalizava 4,3 milhões, equivalente a 10% da população infantil brasileira. Essa incidência é mais elevada em comparação com a média geral da população, que era de 31,6% e 5,9%, respectivamente.
A pesquisa revela que a pobreza é mais intensa entre crianças, pretos e pardos, assim como nas regiões Norte e Nordeste do país. A análise considera a linha de pobreza do Banco Mundial, incluindo pessoas com renda per capita de até US$ 6,85 PPP (paridade de poder de compra) por dia, ou R$ 637 por mês. Já a linha de extrema pobreza abrange aqueles com renda per capita de até US$ 2,15 PPP por dia, ou R$ 200 por mês.
Quanto à população com 60 anos ou mais, a incidência de pobreza era de 14,8%, e a de extrema pobreza, 2,3%, percentuais inferiores à média geral. O IBGE destaca que aposentadorias e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) têm contribuído para a redução da pobreza nessa faixa etária.
No recorte racial, 40% das pessoas de cor ou raça preta ou parda eram consideradas pobres em 2022, sendo o dobro da taxa entre a população branca (21%). Mulheres pretas ou pardas, sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos, formam o arranjo domiciliar com maior incidência de pobreza, atingindo 72,2%, sendo 22,6% extremamente pobres.
Regionalmente, o Nordeste apresenta a maior parcela de sua população abaixo da linha da pobreza, com 51%, seguido pela região Norte, com 46,2%. As menores proporções estão no Sul (17,1%), Centro-Oeste (21,3%) e Sudeste (23%). Na extrema pobreza, o Nordeste também lidera, com 11,8%, enquanto o Sul possui a menor taxa, 2,5%.
As desigualdades regionais ficam evidentes ao observar a distribuição percentual da população segundo as linhas de pobreza, destacando que mais da metade dos extremamente pobres (54,6%) e 43,5% dos pobres estão concentrados no Nordeste, que representa apenas 27% da população total. Enquanto isso, 23,8% dos extremamente pobres e 30,7% dos pobres estão na região Sudeste, que responde por 42,1% da população total do Brasil.





