A concessionária Rumo Logística surpreendeu a cidade de Ourinhos (SP) ao anunciar a paralisação do transporte de cargas no ramal ferroviário da região. Em uma reunião realizada nesta sexta-feira, 12 de janeiro, com os funcionários do ramal, a empresa apresentou opções para os trabalhadores: transferência para outras bases operacionais ou desligamento. No mês passado a empresa havia afirmado que permaneceria em atividade – relembre.
A ligação ferroviária entre Ourinhos (SP) e Londrina (PR), com extensão de 217 km, teve suas operações interrompidas, segundo a concessionária, devido à ausência de demanda de serviços de transporte para o ano de 2024. Em declaração ao site Diário do Transporte, a Rumo confirmou que a retomada das operações no ramal dependerá das discussões da renovação da Malha Sul, qualificada pelo conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal. A concessão atual da Malha Sul, que inclui o ramal de Ourinhos, expira em fevereiro de 2027, e a empresa busca a renovação.
No entanto, o Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana denuncia a prática da Rumo em abandonar e desativar trechos produtivos em diversas regiões do país, acusando a empresa de sucateamento, comércio clandestino de trilhos e desmonte do patrimônio público. O presidente do sindicato, José Claudinei Messias, destaca que a Rumo tem agido contra os objetivos dos Contratos de Concessão, não investindo na manutenção adequada e modernização dos trechos assumidos, o que resulta em tarifas elevadas e inviabiliza o transporte ferroviário.

José Claudinei Messias
Ourinhos, em particular, é afetada significativamente pela paralisação, pois possui terminais ferroviários essenciais para a distribuição de combustíveis na região norte do Estado do Paraná e Sul/Sudeste de São Paulo, além de ser ponto de carregamento de álcool destinado aos estados do Sul do país e ter indústrias de adubo, além de ser uma forte exportadora de açúcar, soja e milho.

Empresa de fertilizantes depende do transporte ferroviário (Foto: Reprodução)

Distribuidora de combustíveis também pode ser afetada (Foto: Reprodução)
O Sindicato dos Ferroviários tem buscado reuniões com a empresa para evitar a desativação, alertando sobre a perda de empregos e o impacto ambiental negativo decorrente da maior dependência do transporte rodoviário, indo contra o programa ESG (ambiental, social e governança) que a empresa alega ter implementado.
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O site Passando a Régua teve acesso ao termo de transferência de funcionários, que deve ser apresentado até terça-feira (16). No documento, funcionários como maquinistas, se comprometem a se apresentarem a partir de 1º de fevereiro de 2024, à base de Uvaranas, em Ponta Grossa, em outro estado, no Paraná.
O site Passando a Régua teve acesso ao termo de transferência de funcionários, que deve ser apresentado até terça-feira (16). A Rumo confirma que os procedimentos de transferência devem ser concluídos neste mês de janeiro, oferecendo benefícios para os que optarem por se demitir. Cerca de 50 trabalhadores em Ourinhos (SP) e no Paraná serão afetados, incluindo maquinistas, manobradores, pessoal de manutenção, operação e gestão na estação, além de comunicação e sistemas.

A medida, no entanto, gera insatisfação entre moradores de Ourinhos, que veem frentes de trabalho se fecharem na região, afetando a arrecadação tributária e movimentação das atividades econômicas locais. O sindicato dos ferroviários promete acionar o Ministério Público Federal em Ourinhos, ANTT, Ministério dos Transportes, deputados, senadores, o Governo de São Paulo e a prefeitura de Ourinhos em busca da reversão da situação.

O prefeito de Ourinhos, Lucas Pocay (PSD) se manifestou sobre a decisão da Rumo:
“Absurda a decisão da Rumo Logística! É uma mostra de incompetência total e um desrespeito ao próprio contrato de concessão. Em todo o mundo, o transporte ferroviário é sinônimo de progresso e eficiência, mas aqui, a Rumo escolhe ignorar sua responsabilidade, enquanto nossas estradas estão sobrecarregadas de cargas que deveriam ser transportadas por trilhos.
A suspensão das operações ferroviárias pela Rumo Logística vai na contramão das políticas públicas dos governos. Iremos trabalhar contra essa medida. Estou mobilizando um esforço conjunto com o sindicato e os níveis governamentais para garantir que a voz de Ourinhos seja ouvida e que uma solução justa e benéfica seja alcançada”.






