A Polícia Militar apreendeu no fim da tarde desta quinta-feira, 28, 14 carreteis contendo linhas com cerol e “chilenas”, após uma menina (que não teve a identidade revelada) sofrer ferimentos no pescoço, em Ourinhos.
De acordo com Boletim de Ocorrência, por volta das 17h30 de ontem (28) os policiais foram acionados para atender uma ocorrência de “periclitação a vida”, na Rua Isabel Alves Veloso, 63, na Vila Christoni, onde mais de 20 pessoas estariam soltando pipa e utilizando linhas com cortante e que a filha do denunciante teria se ferido no pescoço devido a uma linha destas. Ao chegarem no local foram avistados vários adolescentes e crianças, que quando viram os policias correram, deixando no chão os 14 carreteis contendo linhas com cerol e “chilenas”.
As linhas foram devidamente apreendidas e o caso será investigado. Não foi informado o estado de saúde da criança que teria se ferido com a linha.
Fica o alerta, principalmente aos pais, que não permitam que os filhos utilizem a linha cortante que é expressamente proibida e pode causar morte de pessoas.
Linhas apreendidas em Ourinhos (Foto: Laperuta)
Linha chilena
Enquanto o cerol é fabricado com uma mistura que pode ser feita com cola e pó de vidro ou cola e pó de ferro, a linha chilena é feita industrialmente e seu poder de corte é tão elevado pois à linha original são adicionados pó de quartzo e óxido de alumínio.
Facilmente encontrada em mercadinhos de bairro, linhas usadas para cortar outros papagaios durante a prática de empinar a pipa também podem ser rapidamente achadas por preços bastante módicos em sites de venda online e grupos no Facebook. O preço de uma carretilha com 1.000 metros da linha chilena varia entre R$ 20 e R$ 35, cem jardas costumam ser comercializadas com valores inferiores a R$ 7. Muitas vezes, o frete é mais alto que o valor da própria linha.
Outras linhas perigosas
Fora a linha chilena, tem outras muito perigosas entrando no mercado. A linha Indonésia e a linha de porcelana, por exemplo, podem ser dez vezes mais perigosas e mais cortantes que a linha chilena. Muitas vezes são linhas de anzol que recebem banhos de substâncias químicas para deixá-las com maior poder de corte.
Risco de morte
Fora o poder de causar sérias lesões, se o resgate de uma pessoa ferida por linha chilena, cerol ou qualquer subtipo destas não acontecer de forma rápida, é possível que o sangramento excessivo leve à morte. As regiões do corpo em que as vítimas costumam ser atingidas são pescoço e pernas, áreas onde há bastante circulação de sangue.
"Nas pernas temos a veia safena e a árteria femural, se cortadas elas podem expulsar muito sangue. O mesmo acontece com o pescoço, por onde passam a carótida e a jugular. Se cortadas, ocorre perda muito grande de sangue em poucos minutos. Outro risco para motociclistas é que ao se chocar com a linha, estando em alta velocidade, ela fica presa na região do pescoço e, com o atrito, causa cortes ainda mais profundos", descreve o Corpo de Bombeiros.
Como reagir em caso de corte
Depois que alguém é atingido por uma linha cortante, é importante que o atendimento seja rápido, para evitar que o quadro da vítima evolua para óbito. Segundo os bombeiros, o ideal é tentar minimizar o sangramento até a chegada do resgate.
"É preciso comprimir o local cortado, mesmo que seja de uma maneira mais rústica. Um torniquete é uma possível solução no caso de cortes nas pernas ou nos braços, por exemplo, para tentar evitar a perda excessiva de sangue. A vítima deve ser encaminhada imediatamente para o hospital, para que o sangue perdido seja reposto e suturas sejam feitas", explica o bombeiro.





