Conselho da Alimentação apura se carne de procedência duvidosa foi consumida na merenda escolar de Ourinhos

Suspeita é de fraude, com a entrega de carne não condizente com a especificação, ou seja, ao invés de “Patinho”, a empresa vencedora da licitação pode ter entregue outro tipo de carne.
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O CAE (Conselho Municipal da Alimentação Escolar de Ourinhos) está apurando um caso de possível fraude envolvendo uma compra milionária de carnes feita pela Prefeitura de Ourinhos, através de licitação para as escolas da rede municipal. Suspeita-se de fraude, com a entrega de carne não condizente com a especificação, ou seja, ao invés de “Patinho”, a empresa vencedora da licitação pode ter entregue outro tipo de carne.

A suspeita recai sobre o Pregão Eletrônico nº 27/2021, cujo objeto trata da aquisição de carnes, frios, embutidos e alimentos processados com entrega de forma parcelada. Só com a carne suspeita (Patinho) a Prefeitura gastou a quantia de R$2.217.180,73 (Dois milhões, duzentos e dezessete mil, cento e oitenta reais e setenta e três centavos).

O Passando a Régua teve acesso, esta semana, a um relatório, assinado pelo Médico Veterinário, Carlos Cesar Bochetti, da Secretaria Municipal de Saúde, que realizou uma inspeção, a pedido do CAE, na Escola Municipal Georgina Amaral, no dia 4 de agosto de 2021. Além do relatório, também a nossa redação teve acesso às fotos das carnes de procedência duvidosa, que o veterinário garante não ser “Patinho”, como deveria.

De acordo com o relatório, o médico veterinário da Prefeitura, sem abrir as embalagens, verificou que as carnes rotuladas como sendo “Patinho”, não se trata da carne indicada, “podendo ser outro tipo de carne, mas seguramente não é a peça PATINHO”, destaca o documento (confira abaixo o documento completo). Ainda segundo o veterinário, “Patinho” é uma carne magra e não tem capa de gordura, como é possível verificar nas carnes inspecionadas.

Ainda segundo o documento, além do veterinário, auditores fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA de Marília, tiveram acesso às imagens e concordaram com a constatação de Carlos Cesar Bochetti, que consultou inclusive o seu professor orientador, da Universidade Federal do Paraná, Dr. Deocy França, que confirmou não ser a peça “Patinho” e ainda verificou a falta de informações de rotulagem.

Diante do exposto, foi aconselhado fazer a coleta de amostras da carne para análise, que seria encaminhada ao Instituto Adolfo Lutz de Marília (SP), assim como acionar o Procon de Ourinhos e a Vigilância Sanitária para realizar a interdição destas carnes.

Estiveram presentes na fiscalização na escola, além do veterinário, a presidente e o vice do CAE, Silmara Carlos e Júlio Cezar Benatto, o secretário Municipal de Educação, Profº Wilson, além de servidores da educação municipal.

O Passando a Régua procurou a presidente do CAE, Silmara Carlos, mas não obteve êxito. De acordo com o seu vice Júlio Benatto, as amostras da carne foram enviadas para análise, porém ainda não teve acesso aos resultados.  Júlio disse ainda que algumas carnes chegaram a ser recolhidas, porém não todas e não se sabe se a Secretaria Municipal de Educação tomou providências adequadas diante do caso. Não se sabe se as carnes suspeitas foram consumidas pelos alunos da escola e se outras unidades também receberam carne da mesma procedência, já que o pregão comprou grande quantidade de carne da empresa citada no relatório.

A nossa reportagem procurou a Secretaria Municipal de Educação, mas até o fechamento da matéria, não obteve retorno.

Confira abaixo o que a Prefeitura comprou através do Pregão Eletrônico no 27/2021:

Saiba mais no vídeo abaixo: