Azul entra com pedido de recuperação judicial nos EUA para reestruturar dívida

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A companhia aérea Azul anunciou nesta quarta-feira (28) que entrou com pedido de proteção judicial nos Estados Unidos por meio do chamado Capítulo 11 da Lei de Falências norte-americana, mecanismo semelhante à recuperação judicial no Brasil. O objetivo da medida é reestruturar sua dívida, garantir capital novo e preservar as operações da empresa.

Segundo comunicado da empresa, o processo permitirá à Azul seguir operando normalmente, realizando voos, vendendo passagens e mantendo seus compromissos com clientes, fornecedores e parceiros. A companhia afirmou que o plano tem apoio de seus principais stakeholders, incluindo as gigantes aéreas United Airlines e American Airlines, além da maior arrendadora da empresa, a AerCap.

O plano prevê:
  • US$ 1,6 bilhão em financiamento durante o processo;
  • Eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas (cerca de R$ 11,28 bilhões);
  • US$ 950 milhões em novos aportes de capital ao final do processo.
De acordo com o CEO da Azul, John Rodgerson, a decisão foi motivada por dificuldades financeiras causadas por fatores como a pandemia de Covid-19, a instabilidade macroeconômica global e falhas na cadeia de suprimentos do setor aéreo.

Apesar de o mercado já acompanhar a situação financeira delicada da Azul, o anúncio teve repercussão negativa: as ações da empresa chegaram a cair 40% antes da abertura do mercado em Nova York. No Brasil, onde a bolsa abre às 10h, a expectativa era de forte impacto, já que, há duas semanas, os papéis da companhia já haviam despencado após a divulgação de um prejuízo de R$ 1,82 bilhão no 1º trimestre, pior que o registrado em 2024.

Com o pedido, a Azul se junta à Gol, que também acionou o Chapter 11 em janeiro deste ano, em um cenário que evidencia os desafios enfrentados pelo setor aéreo no Brasil. Até então, a Azul era a única grande companhia aérea em operação no país que ainda não havia recorrido ao mecanismo de proteção judicial.