Caixas-pretas gravaram vozes e dados relacionados à queda de avião em Vinhedo, confirma Cenipa

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A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou na tarde desta terça-feira (13) que as caixas-pretas do avião ATR 72, que caiu em Vinhedo (SP) na última semana, matando 62 pessoas, gravaram com sucesso os registros de voz e dados relacionados ao acidente. Os gravadores estão sendo analisados desde o sábado (10) no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (Labdata), parte do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), em Brasília (DF).

As duas caixas-pretas, essenciais para a investigação, incluem o Cockpit Voice Recorder (CVR), que grava as conversas entre piloto, copiloto, comissários de bordo e o controle de tráfego aéreo, e o Flight Data Recorder (FDR), que armazena informações técnicas da aeronave, como altitude, velocidade, e ações realizadas pelos pilotos durante o voo.

O brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, explicou que o estudo dos diálogos capturados pelo CVR está em andamento, com foco na identificação de possíveis alarmes sonoros e outros sons capturados na cabine. Para a análise detalhada desses elementos, pode ser necessário o uso de software especializado. Paralelamente, o FDR está sendo utilizado para converter os dados eletrônicos em informações técnicas que possam auxiliar na compreensão dos eventos que levaram ao acidente.

O processo de análise está sendo conduzido com a ajuda de tecnologias avançadas, que permitem a validação dos parâmetros requeridos pela Comissão de Investigação. Esta validação é realizada em conjunto com a documentação técnica da aeronave, incluindo atualizações de serviços e componentes.

Além das análises realizadas pelo Cenipa, a investigação conta com a colaboração de especialistas internacionais. Três representantes do Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil da França (BEA) chegaram ao Brasil no domingo (11) para participar das investigações, dado que o modelo ATR 72 foi fabricado na França. Representantes do Conselho de Segurança nos Transportes do Canadá (TSB), país onde os motores da aeronave foram fabricados, também se juntaram à equipe investigativa.

O brigadeiro Moreno informou que os dois motores do avião serão analisados em São Paulo para verificar se estavam operando com potência adequada no momento do acidente. Um relatório preliminar da investigação deve ser apresentado em 30 dias.

As caixas-pretas, que foram desenvolvidas na década de 1950 pelo australiano David Warren, são ferramentas essenciais na investigação de acidentes aéreos. Embora sejam popularmente chamadas de "caixas-pretas", esses dispositivos são pintados de laranja para facilitar sua localização em meio aos escombros.

A obtenção e análise dos dados das caixas-pretas permitirão aos investigadores entender a dinâmica do acidente e identificar os fatores que contribuíram para a tragédia, ajudando a prevenir futuros desastres aéreos.

Autoridades brasileiras e francesas no local do acidente em Vinhedo — Foto: Força Aérea Brasileira

Como foi o acidente

O acidente ocorreu por volta das 13h30 da última sexta-feira (9), matando 62 pessoas. A aeronave turboélice da marca francesa ATR, da empresa Voepass (antiga Passaredo), caiu em Vinhedo, próximo a Campinas. O voo saiu de Cascavel (PR) e seguia para o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

O procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, disse, nessa segunda-feira (12), que o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo já concluiu todos os exames necroscópicos que determinam a causa da morte. O IML continua a fazer agora a identificação dos corpos.

De acordo com o último balanço, 27 corpos foram identificados e 12 foram liberados às famílias. Vinte e três vítimas foram identificadas por impressões digitais e quatro por meio de análise da arcada dentária.