Eike Batista apresenta "supercana", nova aposta no agronegócio para produção de etanol de aviação

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O empresário Eike Batista, que já esteve entre os sete homens mais ricos do mundo, anunciou nesta terça-feira (25), no Rio de Janeiro, seu mais novo empreendimento no setor de agronegócios: a "supercana", uma variedade geneticamente aprimorada de cana-de-açúcar que promete revolucionar a produção de etanol. O projeto, que conta com um investimento inicial de US$ 500 milhões, terá participação do Grupo BrasilInvest, do empresário Mario Garnero, além de investidores dos Emirados Árabes Unidos e dos Estados Unidos.

Embora atue como consultor, Eike terá a opção de converter sua participação em ações futuramente. O principal objetivo do projeto é produzir etanol sustentável para aviação, em um esforço para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Segundo o empresário, a supercana possui uma fotossíntese "turbinada", capaz de gerar até três vezes mais etanol por hectare e 12 vezes mais biomassa.

"É uma revolução semelhante à que aconteceu no Brasil com o setor de papel e celulose, quando todos utilizavam o pinheiro, que levava 20 anos para crescer, e trocaram pelo eucalipto, que se desenvolve em apenas sete anos", explicou Eike à CNN.

Potencial brasileiro no mercado global
O Brasil já é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com uma colheita anual superior a 650 milhões de toneladas, e o segundo maior produtor de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos. A inovação, segundo Eike, pode consolidar o país como líder global no setor de energia renovável.

"A produtividade dessa cana permite que o preço do etanol fique literalmente o mesmo do querosene. Não vai haver disputa. Vão usar o combustível limpo", afirmou o empresário.

Aproveitamento da biomassa e sustentabilidade
Além da produção de etanol, o projeto prevê o uso do bagaço da supercana para fabricar embalagens, talheres e canudos biodegradáveis. A produção desses itens será inicialmente feita em Dubai e nos Estados Unidos, com planos futuros de fabricação no Brasil.

A plantação da supercana será realizada no município de Quissamã, no norte do estado do Rio de Janeiro, escolhido por sua proximidade com o Porto do Açu – um dos principais pontos logísticos do país, utilizado para exportação de minério de ferro e outros produtos.

Base científica e estudos de viabilidade
O estudo que fundamenta o investimento é conduzido pelo administrador Luis Carlos Rubio e pelo engenheiro agrônomo Sizuo Matsuoka, que se conheceram em 2002 na Votorantim Novos Negócios (VNN), braço de investimentos do grupo Ermírio de Moraes.

Rubio explica que a escolha do local para o cultivo foi baseada em um mapeamento detalhado da região norte fluminense, com imagens de satélite para identificar áreas sujeitas a alagamentos e análises de solo. "Mapeamos 200 mil hectares na região. O grande indutor do projeto foi o Porto do Açu", destacou.

Com essa iniciativa, Eike Batista aposta novamente no setor de energia e infraestrutura, mirando a transição energética e a sustentabilidade como novos pilares de sua atuação no mercado.