Em noite histórica, Luís Enrique reencontra Xana na conquista da Champions com o PSG

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Cinco anos após enfrentar a dor mais profunda de sua vida — a perda da filha Xana, de apenas 9 anos, vítima de câncer ósseo em 2019 —, o técnico espanhol Luís Enrique viveu um momento de emoção e consagração neste sábado (31). Em Munique, ele conduziu o Paris Saint-Germain a um inédito e inesquecível título da Liga dos Campeões da Europa. E com uma goleada histórica: 5 a 0 sobre a Inter de Milão, na Allianz Arena.

A conquista trouxe de volta lembranças marcantes. Em 2015, após vencer a Champions com o Barcelona em Berlim, Luís Enrique celebrou ao lado de Xana, fincando a bandeira do clube catalão no gramado do Estádio Olímpico. O técnico sonhava repetir o gesto — agora no comando do PSG e em outro palco alemão. Após o apito final, recebeu uma camisa com uma ilustração tocante: ele e Xana cravando a bandeira do Paris Saint-Germain no campo. Ela não estava fisicamente ali, mas, para Luís Enrique, a presença da filha foi sentida em cada segundo da conquista.

PSG enfim alcança o topo da Europa
O título marca um ponto de virada na história do PSG, clube que há mais de uma década investe pesado para alcançar a glória continental desde que foi adquirido pelo empresário catari Nasser Al-Khelaifi. Em 2020, a equipe chegou perto, mas caiu na final diante do Bayern de Munique, mesmo contando com estrelas como Neymar e Kylian Mbappé. Nem a posterior contratação de Lionel Messi conseguiu completar o objetivo.

Com a chegada de Luís Enrique, o clube optou por um novo caminho: substituiu os medalhões por uma geração mais jovem e promissora. O elenco campeão tem média de idade quatro anos inferior ao finalista de 2020. Essa renovação se refletiu em campo, com atuações brilhantes de jovens como Désiré Doué (19), autor de dois gols e uma assistência na final, e nomes como Vitinha (25), João Neves (20), Khvicha Kvaratskhelia (24) e William Pacho (23).

O zagueiro brasileiro Marquinhos, único remanescente da equipe vice-campeã de cinco anos atrás, teve a honra de levantar a tão sonhada taça. Ao lado dele, o também zagueiro Beraldo, ex-São Paulo, compôs o banco. Ambos estão na lista de convocados da Seleção Brasileira para os jogos contra Equador e Paraguai pelas Eliminatórias da Copa de 2026.

Domínio do início ao fim
A final foi dominada pelo PSG desde o apito inicial. Aos 11 minutos, Vitinha encontrou Doué livre na área, que serviu Achraf Hakimi para abrir o placar. O marroquino, ex-Inter, não comemorou em respeito ao antigo clube. O segundo veio pouco depois, aos 19, com Doué finalizando após jogada que contou com lançamento de Kvaratskhelia e assistência de Dembelé. A bola desviou na zaga e enganou o goleiro Sommer.

A Inter só reagiu aos 36 minutos, com uma cabeçada de Thuram que passou rente à trave. Mas a resposta do PSG veio logo antes do intervalo: Dembelé perdeu grande chance aos 43, cara a cara com Sommer.

O segundo tempo manteve o mesmo roteiro. Kvaratskhelia teve duas boas oportunidades antes de Doué marcar seu segundo, aos 17, após jogada coletiva em contra-ataque fulminante. Aos 27, foi a vez do georgiano deixar o dele, após passe de Dembelé. Já nos minutos finais, Sammy Mayalu, recém-saído do banco, fechou a goleada após bela tabela com Barcola.

Emoção, redenção e recomeço
A noite em Munique não foi apenas uma vitória esportiva. Foi uma jornada de redenção e memória. Para Luís Enrique, levantar a taça com o PSG teve um significado que vai além do futebol. Foi a chance de reviver, mesmo que simbolicamente, um momento com Xana. E, para o PSG, foi a confirmação de que, com planejamento e renovação, é possível alcançar o topo da Europa — com emoção, com história e com futebol de alto nível.