EUA bombardeiam instalações nucleares do Irã com aviões B-2; Trump diz que alvo é o programa nuclear, não o país

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Os Estados Unidos lançaram, na madrugada deste domingo (22, horário do Irã), um ataque aéreo contra três instalações nucleares iranianas, em uma ofensiva coordenada por bombardeiros furtivos B-2, em meio à crescente tensão no Oriente Médio. A ação, ordenada pelo presidente Donald Trump, ocorre no nono dia de conflito, iniciado após Israel atacar o Irã em 13 de junho.

O principal alvo da ofensiva norte-americana foi o complexo de Fordow, um centro de enriquecimento de urânio construído sob uma montanha e considerado um dos locais mais protegidos do programa nuclear iraniano — e, até então, inacessível até mesmo aos mísseis israelenses. A operação também atingiu outras duas instalações críticas, não especificadas oficialmente.

Segundo o vice-presidente dos Estados Unidos, a guerra "não é contra o Irã, mas contra o seu programa nuclear", indicando que o foco é impedir que Teerã avance em direção à construção de uma bomba atômica.

Contexto da escalada
Nas últimas duas décadas, os Estados Unidos têm adotado sanções econômicas, sabotagens e diplomacia para frear o avanço nuclear iraniano. Porém, o ataque aéreo marca uma mudança drástica de postura. "Depois de décadas de contenção, optamos pela ação. Primeiro vem a força, depois a paz", afirmou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

A justificativa para a ofensiva é baseada na acusação de que o Irã estaria "perigosamente próximo" de obter uma arma nuclear, especialmente após sobreviver aos recentes bombardeios israelenses. Trump declarou que não podia correr o risco de permitir esse avanço e que a demonstração de força era inevitável.

Por outro lado, o Irã nega que tenha intenções militares em seu programa nuclear, alegando que suas atividades são exclusivamente para fins pacíficos, em conformidade com o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), do qual é signatário. O governo iraniano estava, inclusive, em processo de negociação com Washington para garantir a continuidade do acordo.

No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) vinha alertando para o descumprimento de obrigações técnicas por parte do Irã — embora tenha admitido não haver provas de que Teerã esteja construindo uma bomba atômica. O Irã, por sua vez, acusa a agência de agir sob influência política de potências ocidentais como EUA, França e Reino Unido, aliados de Israel.

Em março, a própria inteligência norte-americana havia concluído que o Irã não estava construindo armas nucleares. Agora, Trump contesta essa avaliação, indicando que a situação evoluiu rapidamente.

Duplicidade de padrões
Enquanto pressiona o Irã a interromper seu programa, Israel — que não é signatário do TNP — é amplamente acusado de manter um arsenal nuclear secreto, estimado por especialistas internacionais em cerca de 90 ogivas, desenvolvido desde a década de 1950. Tel Aviv, contudo, nunca confirmou nem negou oficialmente a existência dessas armas.

Desdobramentos
O ataque norte-americano pode marcar um ponto de ruptura na geopolítica do Oriente Médio, ampliando o risco de uma guerra regional aberta. Ainda não há informações sobre vítimas civis ou militares nos alvos iranianos, e Teerã prometeu responder "no momento apropriado".

A comunidade internacional acompanha com preocupação os desdobramentos do conflito, que pode se estender além do Irã e envolver outros países da região.