Só pra lembrar, estamos na primeira semana de 2023.
Teremos 365 novas oportunidades para refazer nossa história, sem lamentos, sem perguntas, sem passagem de volta... Apesar da insatisfação política, vamos brincar de ser feliz, vamos pegar a rabeira do trem na ponte velha.
Olhem pela janela e vejam que chuvinha abençoada... Daqui a pouco novas margaridas florirão, vamos aproveitar o ano que chega.
Não temos somente janeiro pra festejar o ano novo... Todos os dias serão oportunidades para comemorarmos a vida.
Podemos, em fevereiro, fazer nosso próprio samba-enredo... Podemos, no tom do Tom, fechar o verão com as águas de março – promessa de vida no coração!
Mesmo que em abril tentem nos enforcar, na nau de Cabral podemos descobrir um novo Brasil, um porto seguro pra todos nós.
Em maio nos dedicaremos exclusivamente às nossas mães, mesmo que estejam no jardim do céu.
Em junho, já agasalhados, vamos cantar uma canção em volta do fogo... Vamos pular as fogueiras das vaidades e soltar foguetes para provocá-las.
Em julho, no portal da felicidade, faremos reservas para dias melhores!
Em agosto deixaremos todos os cachorros loucos de tanto amor, ou, apenas, a retribuição do carinho.
Em setembro nos tornaremos independentes da maldade, do rancor, do ódio... Sentiremos brotar as sementes do amor na primavera.
Sem preocupação, em outubro, com, ou sem, o peso do relógio no ‘horário de verão’, ofereceremos doces às crianças e faremos romaria com Renato Teixeira: “Sou caipira, Pirapora, Nossa Senhora de Aparecida... Ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida...”.
Em novembro acenderemos velas para as almas e para nós mesmos, eternos carentes de luzes e orações.
Em dezembro o sonho nascerá de novo, e de novo, o reinício da vida... Curtindo férias, rabiscaremos projetos para o outro ano, pedindo ao bom Deus que nos ajude, nesse eterno ciclo e nova oportunidade para reescrevermos nossa felicidade, outra vez!
Curtam a vida, a vida é curta!
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Este texto é do escritor João Neto, um escritor do cotidiano, foi rotulado, pelo crítico Lau Pacheco, como "piloto da caravela da saudade", em virtude do resgate de momentos vividos na infância e adolescência em Ourinhos.
Após ter seu conto "Ainda Bem Que Você Veio" viralizado nas redes sociais, ficou conhecido em todo o Brasil. Publicou seu primeiro livro de contos e crônicas em 2019.
João Candido da Silva Neto nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) e veio para Ourinhos com 7 anos em 1967. Ele atuou na COPEL (Cia Paranaense de Energia) onde aposentou-se em 2019. Em 2012 se tornou escritor, tendo seus contos e crônicas publicados semanalmente na Folha de Londrina.