João Neto: "O Trem das sete"

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Não dá pra escrever a história de Ourinhos sem necessariamente dedicar bons capítulos à Barra Funda.

Alguém me disse, certa vez, que o “Bairro” Barra Funda oficialmente não existe, mas, como ignorar seus personagens, suas histórias, suas escolas, sua Capela do Sagrado Coração de Jesus e sua gente?



Se assim posso dizer, eu, forasteiro, respirei a Barra Funda durante minha juventude, os anos 70 era o período e, ali o melhor lugar pra se viver.

Tudo na Barra Funda era marcante: O lendário Bar do Celestino, a Padaria Itoda, Quitanda do Sato, Lazinho Barbeiro, dos empórios dos irmãos Toloto, Bar do Sr. Humberto, Cerâmica da Pepa, Moacir Mecânico, Buracão do Toloto, CSU, Açougue do Sr. Orlando, Venda do Saiti, Empório Misato, Grupinho, Delegacia e da Oncinha, sim, pra mim da Jacinto Sá pra baixo tudo era Barra Funda.

Nas noites dos dias de semana, pela Rua Brasil e Barão do Rio Branco, os estudantes do Pátio da Rede e Vila Margarida seguiam para o Caló por essas duas ruas e no caminho se juntavam ao pessoal da Barra Funda, amigos que eram e, em grupos, seguiam para a escola, todos uniformizados, acredito que felizes, como se não houvesse amanhã!

Agora segurem essa: A maior rivalidade esportiva de Ourinhos era justamente dos dois times de futebol da Barra Funda, sim, Gazeta x União... Era difícil esse jogo terminar sem nenhuma confusão... Se Gazeta ou União perdesse para o Manchester, Nacional, Corintinha, Olímpico,  Lajeadinho, Vila Emília, São Cristóvão tudo terminava bem... Mas era um perder pro outro o pau quebrava... Isto sim era rivalidade.

A Barra Funda teve seus andarilhos “ilustres”: França, Vermeião, Zé Toicinho, Cota, etc... Dizem que a denominação “homem do saco” surgiu na Barra Funda, inspirada nesses personagens.

Afirmam que até a “loira do banheiro” surgiu na Barra Funda, no Grupinho, nessa mesma época... É bem possível que seja, pois “fake news” bem feita só saía da Barra Funda.

Se eu tenho Ourinhos no meu coração, com certeza eu tenho a Barra Funda na minha alma... Não dá pra não gostar de um lugar onde se foi feliz, extremamente feliz!!

Até a linha do trem fez questão de margear a Barra Funda!

Como eu morava a duzentos metros da linha, o meu despertador era a buzina do trem das sete, que seguia para Presidente Epitácio, eu sabia que era hora de levantar.