João Neto: Uma breve reflexão sobre a partida

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Nem parece que os portões da primavera estão para serem abertos em vinte e um de setembro... A blusa de lã, sobre a cama, terá que esperar para ser engavetada... A brisa das manhã, ainda fria, sopra e tremula a cortina do quarto, denuncia que o tempo ainda não ajustou os controles para os dias quentes.
 
O tempo... Ah o tempo! Passa por nós deixando marcas no rosto e digitais na alma... O tempo que, mesmo em setembro, ainda traz uma insistente aragem gelada que sopra feito o hálito do pulmão do freezer.

O tempo... Ah o tempo! Que nos leva para a inevitável fila do céu, única certeza da vida... O tempo não diz qual nossa senha nem a posição nessa fila... O tempo só nos dá um tempo para sermos mais justos, mais humanos e melhores almas!

Já que o tempo ainda está frio e a fila do tempo passa mais rápido que um sopro, necessito pedir aos meus amigos:
- Não permitam que suas senhas vençam no sábado à noite... A passagem dos meus amigos para o andar de cima tem que ocorrer em grande estilo, em dia de semana... Segunda-feira, terça-feira ou qualquer outra feira, menos sábado à noite... Não quero me entristecer no domingo chorando por vocês... Não posso perder a missa das sete, a macarronada domingueira e o futebol à tarde... Na despedida dos meus amigos é indispensável que se guarde feriado, e feriado no domingo não tem graça!

Talvez minha senha vença antes... Quem poderá dizer o contrário? Farei um esforço medonho para não partir no sábado à noite.

Que aproveitemos a vida enquanto não chegar nossa hora... Coloca o disco do Tim Maia, ouça "Azul da Cor do Mar"... Sejamos justos e felizes - não esquecendo, jamais, de trazer Deus dentro do coração!