Júri popular de acusada de participar da morte de homem encontrado pendurado em árvore em Ourinhos será na próxima quinta-feira, 22

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Na próxima quinta-feira, 22 de maio, às 9h30 da manhã, o Fórum da Comarca de Ourinhos será palco de mais um julgamento de grande repercussão. Sentará no banco dos réus Victória Siqueira Campos, acusada de envolvimento no brutal homicídio de Abner Troni de Souza, de 34 anos, ocorrido em 13 de junho de 2023.

A ré foi pronunciada para julgamento pelo Tribunal do Júri sob as acusações de homicídio qualificado — por motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima —, com base no artigo 121, §2º, incisos I, III e IV, do Código Penal, em concurso com o artigo 29 do mesmo diploma legal. Além disso, também responde por integração em organização criminosa (artigo 2º, §2º, da Lei 12.850/2013), na forma do artigo 69 do Código Penal, que trata do concurso de crimes.

Segundo a denúncia do Ministério Público, no dia do crime, Abner havia sido beneficiado com saída temporária do sistema prisional e foi atraído até uma área de mata nas proximidades do Rio Pardo, entre as ruas Sebastiana Candica de Paulo Carvalho e Fernando Pessoa, no Jardim Josefina, em Ourinhos. No local, segundo a acusação, foi surpreendido por Victória, seu companheiro Jhones Max dos Santos, conhecido como “Bob”, e um terceiro ainda não identificado.


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O Ministério Público sustenta que a motivação do crime foi a suspeita de envolvimento da vítima em um caso de abuso sexual contra uma criança, informação que teria circulado entre membros de uma facção, à qual os acusados pertenceriam. Jhones, apontado como detentor do posto de “Sintonia Final da Região 14” dentro da organização criminosa, teria recebido ordens para executar a vítima como forma de retaliação e de reforço às normas internas da facção.

De acordo com o laudo necroscópico e o relatório final da Polícia Civil, a vítima foi violentamente agredida com múltiplos golpes de instrumento pérfuro-contuso em várias regiões do corpo, incluindo tórax, lombar, cabeça e membros superiores. O golpe fatal foi um esgorjamento — corte profundo e transversal na parte anterior do pescoço, que expôs estruturas internas. Abner foi ainda amarrado em uma árvore com a cabeça voltada para o chão, característica, segundo os investigadores, de execuções relacionadas à facção criminosa.

Durante as investigações, Jhones confessou o crime. Victória, por sua vez, teria admitido extrajudicialmente que esteve no local da execução. Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça também corroboraram a participação do casal no crime.

O processo seguiu todos os trâmites legais, com a oitiva de testemunhas, apresentação de defesa preliminar e manifestações das partes. No dia 13 de junho de 2024, a juíza responsável pela causa pronunciou a ré, remetendo-a a julgamento pelo Tribunal do Júri. A decisão tornou-se definitiva em 10 de julho de 2024, após o fim do prazo legal para recursos.

O julgamento contará com os depoimentos da testemunha de acusação e das testemunhas de defesa, como delegado João Ildes Beffa e um investigador. A ré, que se encontra
presa preventivamente desde 2023, será escoltada ao fórum e poderá participar do júri com vestes civis entregues por sua defesa.

A sessão do júri será presidida pelo juiz da Vara Criminal de Ourinhos e deverá durar várias horas, dada a complexidade do caso.

Já o coacusado Jhones Max dos Santos deverá ser julgado em outro processo, em data ainda a ser definida.


Abner foi sepultado no dia 21 de junho de 2023.