Justiça solta motorista do Porsche acusado de matar motoboy em São Paulo; réu usará tornozeleira eletrônica

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Após dez meses preso, o empresário Igor Ferreira Sauceda, de 28 anos, acusado de perseguir, atropelar e matar o motoboy Pedro Kaique Ventura Figueiredo em julho de 2024, foi solto nesta semana por decisão da Justiça. A liberdade, no entanto, foi concedida com restrições: Igor deverá usar tornozeleira eletrônica, teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa, está proibido de sair da cidade de São Paulo por mais de uma semana sem informar a Justiça, não poderá deixar o país e terá que entregar o passaporte.

A decisão foi tomada na sexta-feira (30) pela 3ª Vara do Júri, que acatou o pedido da defesa. O Ministério Público (MP) havia defendido a manutenção da prisão preventiva com base no risco de Igor interferir no processo, mas o juiz considerou que o réu colaborou com a investigação e não ameaçou testemunhas.

O crime aconteceu na madrugada de 29 de julho de 2024, quando Igor, dirigindo um Porsche amarelo a 102,3 km/h — mais que o dobro do limite da Avenida Interlagos, na Zona Sul da capital — atingiu a motocicleta do motoboy por trás. Imagens de câmeras de segurança mostram o carro perseguindo a moto após o motoboy ter quebrado o retrovisor do lado do motorista. Pedro, de 21 anos, foi socorrido, mas morreu no hospital com politraumatismo e hemorragia cerebral. Segundo o laudo do IML, ele havia ingerido álcool momentos antes do acidente.

O réu responde por homicídio doloso triplamente qualificado — por motivo fútil, uso de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. O MP pede pena superior a 18 anos de prisão e uma indenização mínima à família de Pedro, que era casado e tinha uma esposa grávida na época do crime.

Mesmo solto, Igor continuará respondendo ao processo, que está na fase de instrução. Nessa etapa, testemunhas serão ouvidas e o réu interrogado. Após isso, a Justiça decidirá se ele será levado a júri popular.

A defesa de Igor afirmou, por meio de nota, que não irá se manifestar no momento e que continuará atuando dentro dos limites do devido processo legal. Em ocasiões anteriores, os advogados alegaram que a morte foi um acidente e que o motorista deveria responder por homicídio culposo, sem intenção de matar.