Leite é encontrado a quase R$ 8 em mercados de Ourinhos; entenda alta

Preço varia de R$6,19 a R$7,89.
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A alta no preço do leite longa vida surpreende os consumidores de Ourinhos, que chegam a pagar quase R$ 8 pelo litro.

Um levantamento feito nesta segunda-feira (4) em alguns supermercados de Ourinhos mostra que a média de preço do litro é R$ 6,30, mas em um supermercado pesquisado, o valor chega a R$ 7,89.

Alguns comerciantes disseram que estão reajustando os preços toda semana e que está faltando produto para comprar.

No último levantamento realizado pelo Instituto de Economia da Secretaria Estadual de Agricultura, o valor médio do litro de leite longa vida em maio foi de R$ 5,25. Em janeiro, o mesmo levantamento mostrava que o preço médio era R$ 4,15.

Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, só no estado de São Paulo leite e derivados tiveram aumento de 19,46% de janeiro a junho deste ano. O que mais chama a atenção é o leite longa vida, que teve aumento de 31,13% no mesmo período, no estado.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a alta do leite para o produtor acumula valorização real de 14,5% desde janeiro.

Por que tão caro?

A alta do leite nessa época do ano, conhecida como "entressafra", já é esperada, de acordo com o Cepea. Isso porque o clima mais seco do outono-inverno prejudica a pastagem

"Com o inverno e o clima mais seco, é natural que a disponibilidade e a qualidade das pastagens diminua, e com isso afete negativamente a alimentação do rebanho, que leva uma queda na produção de leite", explicou a pesquisadora Natalia Grigol.

Ela aponta, porém, mais dois motivos para a alta do leite:

  • os efeitos do fenômeno La Ninã, sobretudo no final do ano passado e início deste ano;
  • e o aumento nos custos de produção.

A La Niña é um fenômeno climático que acontece quando há o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, afetando a América do Sul e, no caso do Brasil, diminuindo as chuvas no Sul e as aumentando no Centro-Norte.

"Principalmente no final do ano passado e no início desse ano, o período muito seco que afetou o país acabou prejudicando também a qualidade das cilagens que foram produzidas naquele momento e estão sendo ofertadas aos animais atualmente", explicou a pesquisadora.

Já sobre o aumento nos custos de produção, Natalia explica que o setor está em alta há pelo menos três anos. "Como a atividade leiteira é uma atividade de ciclo operacional longo, esses últimos três anos de altas elevadas nos custos acabaram provocando uma série de desinvestimentos nas atividades", afirmou.

A pesquisadora diz, ainda, que é difícil prever uma reversão de preços nos próximos meses, porque os custos de produção continuam elevados e dependem muito da inflação e da taxa de câmbio, que influenciam os preços dos insumos.