Morre Divaldo Franco, um dos maiores líderes espíritas do Brasil, aos 98 anos

Compartilhe:
O médium e educador espírita Divaldo Franco faleceu nesta terça-feira (13), aos 98 anos. A causa oficial da morte ainda não foi divulgada, mas ele enfrentava um câncer na bexiga desde novembro de 2024 e, segundo pessoas próximas, teve falência múltipla dos órgãos na noite de ontem.

Figura central do espiritismo no Brasil, Divaldo era natural de Feira de Santana, na Bahia, e dedicou mais de sete décadas à doutrina espírita e à assistência social. Sua morte marca o fim de uma era para o movimento espírita no país.

Velório aberto e cerimônia reservada
Um ato público para homenagens será realizado nesta quarta-feira (14), das 9h às 20h, no ginásio de esportes da Mansão do Caminho, no bairro Pau da Lima, em Salvador. Por vontade expressa do médium, as cerimônias póstumas serão simples: sem cortejo em carro aberto, com o caixão fechado e de curta duração. O sepultamento está marcado para quinta-feira (15), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz.

Vida dedicada à espiritualidade e à caridade
Divaldo Pereira Franco nasceu em 5 de maio de 1927 e descobriu sua mediunidade ainda na infância, enfrentando resistência e punições dos pais, que consideravam suas visões manifestações demoníacas. Sua trajetória mudou após ser atendido por uma médium, que identificou sua sensibilidade espiritual e deu início a um processo de aceitação e desenvolvimento de suas capacidades.

Sua atuação pública começou a ganhar força em 1952, quando fundou a Mansão do Caminho, em Salvador. A entidade tornou-se referência nacional em assistência social e educação, atendendo milhares de crianças e famílias em situação de vulnerabilidade. Ao longo das décadas seguintes, a obra cresceu com escolas, oficinas profissionalizantes e serviços médicos gratuitos, financiados com a venda de livros, palestras e seminários.

Além do trabalho social, Divaldo se destacou como escritor e orador. Publicou mais de 250 livros, muitos deles psicografados, e seus ensinamentos foram difundidos em centenas de eventos nacionais e internacionais. Em 2015, teve sua trajetória registrada na biografia escrita pela jornalista Ana Landi.

Apesar de não ter filhos biológicos, Divaldo era considerado pai por cerca de 685 pessoas acolhidas por ele na Mansão do Caminho.

Luta contra o câncer
O câncer de bexiga foi diagnosticado em novembro de 2024, após internação no Hospital São Rafael, em Salvador, por desconfortos urinários. O tumor estava em fase inicial, e o tratamento foi iniciado em dezembro no ambulatório do Hospital Santa Izabel, com sessões de radioterapia e pequenas doses de quimioterapia.

Em fevereiro deste ano, Divaldo voltou a ser internado para tratar uma infecção urinária. À época, instituições ligadas ao médium informaram que ele se recuperava bem, com acompanhamento nutricional, fisioterapia e cuidados domiciliares.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), homens idosos e brancos — como Divaldo — fazem parte do grupo de maior risco para o desenvolvimento do câncer de bexiga. A doença apresenta sintomas como sangue na urina e dificuldade para urinar, e o tratamento pode envolver cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

Legado
Divaldo Franco deixa um legado imensurável na doutrina espírita, na filantropia e na educação social. Reconhecido internacionalmente, ele foi a voz de consolo, ensinamento e esperança para milhões de pessoas.

Sua obra continua viva por meio da Mansão do Caminho, dos livros, vídeos e ensinamentos que disseminou ao longo de sua vida. A morte de Divaldo representa uma perda irreparável, mas também o encerramento de uma trajetória marcada por amor ao próximo, espiritualidade e ação transformadora.