Morre o ator Francisco Cuoco aos 91 anos em São Paulo

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O ator Francisco Cuoco, um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, morreu nesta quinta-feira (19), aos 91 anos, em São Paulo. Internado no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da capital, ele faleceu em decorrência de falência múltipla dos órgãos. A família informou que sua partida foi tranquila e serena.

Com mais de seis décadas de carreira, Cuoco construiu uma trajetória marcante no teatro, cinema e televisão. Nascido em 29 de novembro de 1933, no bairro do Brás, região central de São Paulo, ele deixa três filhos: Tatiana, Rodrigo e Diogo.

O velório será realizado nesta sexta-feira (20), das 7h às 15h, no Funeral Home, em cerimônia aberta ao público. O sepultamento acontecerá às 16h, em cerimônia restrita a familiares e amigos.

Homenagens e legado
A morte do ator gerou grande comoção no meio artístico. O dramaturgo Walcyr Carrasco lamentou:
"Nos deixou hoje um dos maiores atores da nossa televisão. Francisco Cuoco foi um ícone, um artista que inspirou gerações e levou emoção a milhões de lares. Fica a saudade e a eterna admiração."

Em homenagem, a TV Globo exibirá nesta quinta-feira (19) o especial Tributo a Francisco Cuoco, logo após o Jornal da Globo. Por isso, o programa Conversa com Bial será excepcionalmente cancelado.

Da infância ao estrelato
Desde pequeno, Cuoco demonstrava vocação artística. Segundo relato ao Memória Globo, o ator se encantava com os circos que montavam picadeiros em frente à casa onde morava com os pais, Antonieta e Leopoldo, e a irmã Grácia. Ele usava o terreno como palco para improvisar pequenas encenações para os vizinhos.

Aos 20 anos, abandonou a faculdade de Direito para ingressar na Escola de Arte Dramática de São Paulo. Após a formação, atuou no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e, em 1959, integrou o Teatro dos Sete, ao lado de nomes como Fernanda Montenegro e Sérgio Britto.

Sua estreia na televisão ocorreu no Grande Teatro Tupi, com adaptações teatrais ao vivo. A primeira novela veio em 1964, com Marcados pelo Amor, na TV Record. O sucesso chegou com Redenção (1966) e Legião dos Esquecidos (1968), onde contracenou com Regina Duarte.

Na TV Globo, estreou em 1970, como padre Vitor em Assim na Terra Como no Céu. Logo se consolidou como galã, principalmente nos papéis escritos por Janete Clair, como Cristiano Vilhena em Selva de Pedra (1972) e o icônico Carlão, de Pecado Capital (1975), que virou símbolo do "herói do povo".

Versatilidade e influência
Cuoco foi elogiado por sua dedicação à arte de interpretar e por seu apoio a atores iniciantes. “É importante que o personagem sufoque o Francisco”, dizia, referindo-se à entrega total à atuação.

Participou de diversas novelas de sucesso, como O Semideus (1973), O Outro (1983), O Salvador da Pátria (1989), Passione (2010), Sol Nascente (2016) e Segundo Sol (2018). No cinema, destacou-se em filmes como A Partilha (2001) e Cafundó (2005).

Em 2005, retornou ao teatro com a peça Três Homens Baixos. Sua última atuação na TV foi em 2023, na série No Corre, do canal Multishow.

Ícone eterno da cultura brasileira
Francisco Cuoco sai de cena, mas deixa um legado imortal no coração dos brasileiros. Um ator que, com sensibilidade, talento e humanidade, atravessou gerações e fez da arte um ofício de alma.