Morre o escritor Luis Fernando Verissimo, aos 88 anos, em Porto Alegre

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O escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, um dos maiores cronistas e humoristas da literatura brasileira, morreu na madrugada deste sábado (30), aos 88 anos, em Porto Alegre (RS). Ele estava internado desde o dia 11 de agosto na UTI do Hospital Moinhos de Vento e não resistiu a complicações de um quadro grave de pneumonia.

Verissimo enfrentava problemas de saúde há alguns anos. Diagnosticado com Mal de Parkinson, também tinha histórico de complicações cardíacas e, em 2021, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). No ano seguinte, precisou colocar um marca-passo.

Ele deixa a esposa, Lúcia Helena Massa, e três filhos: Pedro, Fernanda e Mariana Verissimo.

Um dos escritores mais populares do país
Filho do também escritor Érico Verissimo, Luis Fernando publicou mais de 80 livros, entre eles As Mentiras que os Homens Contam, A Grande Mulher Nua, O Popular: Crônicas ou Coisa Parecida e Ed Mort e Outras Histórias. Sua obra se destacou pela leveza, pelo humor e pela crítica social.

Seu primeiro livro, O Popular, foi lançado em 1973, mas o sucesso veio com Ed Mort e Outras Histórias, sátira policial que mais tarde inspirou quadrinhos e até um filme estrelado por Paulo Betti. O auge da popularidade aconteceu em 1981, quando lançou O Analista de Bagé. A primeira edição esgotou-se em apenas dois dias, consagrando o personagem que unia psicanálise freudiana à caricatura do gaúcho da fronteira.

Outra de suas criações marcantes foi A Velhinha de Taubaté, sátira política que ironizava os anos finais da ditadura militar.

Escritor múltiplo e cronista do cotidiano
Além de escritor, Verissimo teve uma carreira multifacetada: foi cartunista, tradutor, roteirista, publicitário, revisor, dramaturgo e saxofonista amador. Também escreveu roteiros para a televisão, como a série A Comédia da Vida Privada (1995-1997), dirigida por Guel Arraes e com textos adaptados por Jorge Furtado.

Reconhecido por seu estilo irônico e acessível, Verissimo era apontado por críticos como “o cronista mais popular do Brasil”, capaz de transformar o noticiário em humor inteligente, fazendo com que o leitor se sentisse parte de suas narrativas.


Capa do livro 'O Analista de Bagé' em sua versão de quadrinhos Foto: L&PM


A 'Velhinha de Taubaté', personagem clássica de Luis Fernando Verissmo Foto: Estadão

O saxofone e a visão da vida
Apesar do sucesso literário, Verissimo nutria uma paixão especial pela música. Tocava saxofone e chegou a declarar que gostaria de ser lembrado não apenas por sua obra, mas também “pelo solo de um saxofone, um blues bem acabado”.

Em entrevistas, mantinha o tom bem-humorado que marcou sua escrita. Aos 80 anos, disse que desejava ser recordado por seus livros e que, no fim, a vida deveria ser encarada com leveza:
“No fim, pensando bem, a vida é uma grande piada. Acontece tudo isso com a gente, e a gente morre... Que piada de mau gosto. Mas acho que temos que encarar isso com certa resignação e bonomia.”

Um apaixonado pelo Internacional
Torcedor fanático do Sport Club Internacional, Verissimo acompanhava de perto o futebol, tema que também inspirou muitas de suas crônicas e piadas.

Com sua escrita clara, irônica e profundamente brasileira, Luis Fernando Verissimo deixa um legado que atravessa gerações, consolidando-se como uma das vozes mais queridas da literatura e do humor no país.