Polícia investiga desvios milionários na APAE de Bauru e detalha assassinato de ex-secretária executiva Cláudia Lobo

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A Polícia Civil deflagrou uma operação nesta terça-feira, 3, para apurar desvios milionários na APAE de Bauru (SP), revelando uma complexa rede de corrupção que beneficiava parentes da ex-secretária executiva Cláudia Lobo, desaparecida e assassinada em agosto deste ano. Oito pessoas foram presas por envolvimento em esquemas que incluem peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Corrupção e benefícios ilícitos
As investigações apontaram que membros da família de Cláudia eram diretamente favorecidos por contratos e empregos suspeitos na APAE.
  • Letícia Lobo, filha de Cláudia, era funcionária fantasma, recebendo R$ 2,5 mil mensais sem desempenhar qualquer função oficial.
  • Ellen Lobo, irmã de Cláudia, e seu marido, Diamantino Campagnucci, operavam uma empresa que faturou R$ 120 mil por produtos de limpeza nunca entregues.
  • Pérsio Prado, ex-marido de Cláudia, recebia mais de R$ 8 mil mensais por um contrato para digitação de notas fiscais, volume incompatível com o trabalho alegado. Parte do salário era repassada à ex-secretária em um esquema de rachadinha.
Outros funcionários, como o coordenador financeiro Renato Golino, recebiam pagamentos inflados e participaram de sorteios suspeitos, incluindo um evento em que ele foi sorteado como ganhador de um carro.


Saiba quem são os presos na operação contra desvios milionários da Apae de Bauru — Foto: Reprodução

Assassinato de Cláudia Lobo
Em paralelo à investigação financeira, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o desaparecimento e assassinato de Cláudia. Segundo as apurações:
  • Cláudia foi morta com um tiro disparado pelo ex-presidente da APAE, Roberto Franceschetti Filho, dentro de um veículo da instituição.
  • Após o crime, Roberto contou com a ajuda de Dilomar Batista, funcionário da APAE, para ocultar o corpo. Ele confessou ter queimado os restos mortais em uma área de descarte e espalhado as cinzas na mata próxima.
Evidências incluem imagens de câmeras de segurança, o estojo de uma pistola calibre 380 encontrado no carro e depoimentos que ligam Roberto ao crime. O ex-presidente confessou informalmente o homicídio e foi preso em agosto.

Motivações e consequências
A disputa por poder na APAE, aliada a uma má gestão financeira, é apontada como a motivação do crime. Roberto, subordinado a Cláudia, teria tentado se desvincular da influência dela após ser colocado na presidência por ela.

A operação bloqueou bens de 18 pessoas físicas e jurídicas, e diversos itens, como veículos e joias, foram apreendidos. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público, e os suspeitos já são réus.

O caso expôs uma rede de desvios e má gestão dentro de uma instituição dedicada à assistência social, abalando a comunidade local e levando a um debate sobre transparência em entidades filantrópicas.