Professor da Unesp de Marília é demitido por justa causa após 44 denúncias de assédio

Compartilhe:
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) demitiu, por justa causa, o professor Rafael Salatini de Almeida, do Departamento de Ciências Políticas e Econômicas da Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília (SP). O desligamento foi oficializado no Diário Oficial do Estado de São Paulo nesta quarta-feira (12), após a conclusão de um processo administrativo disciplinar instaurado pela instituição. As informações são do g1. 

Segundo a Unesp, a demissão foi motivada por “procedimento irregular de natureza grave, ato de improbidade e conduta moralmente questionável”, conforme apontou a comissão responsável pela apuração. O g1 tentou contato com a defesa do professor, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.

As denúncias
Rafael Salatini foi acusado de assédio e condutas inadequadas por estudantes do curso de Relações Internacionais. Ao todo, 44 denúncias foram protocoladas em maio de 2024 pelo Centro Acadêmico de Relações Internacionais “Diplomata Sérgio Vieira de Mello”, e encaminhadas à Ouvidoria da universidade.

Na época, alunos colaram cartazes pelo campus relatando frases ofensivas que teriam sido ditas pelo docente em sala de aula. Entre as mensagens, constavam comentários como:
  • "Só quando a mulher tira a calcinha, você descobre se ela é porca ou não."
  • "Ninguém aguenta mais ver mulher com os peitos de fora; se você quer mostrar seus peitos, mostra para outro."
  • "Africanos e latinos não usam o cérebro."
  • "Em Israel não tem estupro, pois as mulheres têm fuzil."
O documento entregue à Ouvidoria acusava o professor de práticas “questionáveis, inadequadas e que até mesmo, supostamente, incitam crimes”. Os estudantes afirmavam que o ambiente de ensino havia se tornado hostil, marcado por desrespeito, xenofobia, racismo, misoginia e constrangimentos.


Um aluno ouvido pelo g1, que preferiu não se identificar, afirmou que Salatini fazia comentários inapropriados sem relação com o conteúdo das aulas, expondo e humilhando os estudantes.

Repercussão e medidas
Após a abertura das denúncias, a União Estadual dos Estudantes (UEE-SP) também se manifestou, relatando falas de assédio, humilhação e preconceito. Em 19 de março de 2025, a Unesp afastou o professor por 90 dias enquanto o caso era investigado.
Com a conclusão do processo administrativo, a instituição decidiu pela demissão.

Em publicação nas redes sociais, o Centro Acadêmico comemorou a exoneração:
“Agradecemos a ajuda de cada estudante de Relações Internacionais nesta luta. Hoje comunicamos que atingimos nossa pauta máxima neste processo que se desdobra desde o ano passado.”

A universidade reforçou que seguirá adotando medidas para assegurar um ambiente acadêmico seguro, ético e respeitoso para toda a comunidade.