Apaixonada pelo universo da leitura, a professora de língua portuguesa Glaucia Fernanda Fitipaldi Capel, decidiu desenvolver um projeto chamado “Sala de Leitura – A Cor da Cultura”, na Escola Estadual Professor José Paschoalick, para crianças da 2ª a 5ª série. O projeto que iniciou há três meses, é realizado a cada 15 dias no quiosque da escola, onde a pedagoga aborda temáticas sociais.
A ideia surgiu após um caso que ocorreu na escola de ridicularização de um cabelo afrodescendente. Ela conta que, com essa situação, tomou a iniciativa de utilizar os livros étnico-raciais que o Governo do Estado de São Paulo disponibilizou para trabalhar com as crianças.
“Recebemos para o acervo da biblioteca vários livros com temas antirracistas. Pensando nisso e no impacto que eles podem causar nas crianças, conversei com a gestão da escola que aceitou começarmos esse projeto”, afirma.
Segundo o site do Governo do Estado de São Paulo, a Seduc-SP (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo), entregou 1.333.791 livros com temática étnico-racial, literatura e conteúdo técnico para as escolas estaduais e municipais de 643 cidades – um investimento de R$43.830.568,55. Essa ação atendeu 5.175 escolas de ensino fundamental (anos iniciais e finais), ensino médio, Ceejas (Centros Estaduais de Educação para Jovens e Adultos), Escolas Indígenas, Classes Provisórias, além de unidades municipais conveniadas. Do total entregue, 58 títulos são de temas antirracistas, que resultam em 228.702 exemplares.
O desenvolvimento do projeto
A Escola Estadual Professor José Paschoalick recebeu cerca de 300 livros do Governo do Estado de São Paulo, incluindo ensino fundamental e médio para serem abordados em salas de aulas.
O projeto trabalha um livro diferente a cada 15 dias. A professora busca a reflexão dos estudantes fazendo a análise com uma sala por vez, sendo em média 30 alunos, e por fim, sempre leva uma boneca negra, a “Zizi”, para deixar bem evidente para as crianças a importância do assunto.
Diversos livros já foram abordados no quiosque da escola. Dentre eles, a educadora Glaucia Capel, lembra de uma leitura que fez e tinha como principal vertente, a influência dos países africanos no Brasil.
“Eu selecionei, dentro de uma caixinha, palavras que utilizamos no nosso país, mas que possuem origem africana. No final, eu deixei a Zizi segurando essa caixa e cada criança escolheu uma frase e fez a leitura. Foi bom poder ver elas questionando sobre a importância dessa temática”, comenta.
Boneca “Zizi” na contação de histórias da influência dos países africanos. (Imagem/Reprodução: Facebook – Glaucia Fer Fitipaldi)
Acervo de livros antirracistas da escola. (Imagem/Reprodução: Geovanna Ferreira)
O projeto e a contação de histórias
Mas não para por aí. O projeto “Sala de Leitura – A Cor da Cultura”, que tem se desenvolvido há três meses contou, pela primeira vez, com a participação da pedagoga e contadora de histórias, Adriana Vicioli.
Escritora Adriana Vicioli fazendo contação de histórias na escola Paschoalick. (Imagem/Reprodução: Facebook – Adriana B. Vicioli)
Adriana Vicioli que trabalha com contação de histórias há seis anos, é também coautora do livro “Sinto o que conto, contos que sinto”, publicado em 2021 por nove mulheres de diferentes idades e lugares durante a pandemia. Apaixonada pela leitura e escrita, ela foi convidada para contar com a professora Glaucia a história da “Pretinha de Neve e os Sete Gigantes”, livro de Rubem Filho que reinterpreta o conto original da “Branca de Neve e os Sete Anões”.
A obra traz outro espaço – o continente africano –, transformando os elementos do conto original aos hábitos e costumes dessa região. Com a união de todas as turmas que Glaucia desenvolve o projeto, Adriana conta como foi ver a reação das crianças nesse dia:
“Foi incrível. Eles ficaram bem curiosos e é perceptível a magia através de uma contação de histórias. Ela é dinâmica e faz com que eles entrem nesse universo”.
Por meio dessas iniciativas o projeto tem despertado nos alunos o gosto por ler e proporcionando a imensidão do mundo literário, tornando uma prática prazerosa em um ambiente diferente, desenvolvendo, por fim, o pensamento crítico e criativo nas crianças.
Escritora Adriana Vicioli fazendo contação de histórias na escola Paschoalick. (Imagem/Reprodução: Facebook – Adriana B. Vicioli)
A escritora também complementa a respeito da importância do projeto: “Eu achei fantástico ela estar trabalhando esses temas sociais com as crianças, pois precisamos abordar sobre isso logo na base. E é incrível também porque, além disso, essas histórias sempre marcam as crianças”, finaliza Adriana.
Esta matéria foi produzida, no último dia 29 de junho, pela estudante de jornalismo, Geovanna Ferreira, que está no 2º ano do Curso de jornalismo da UEL (Universidade Estadual de Londrina no Paraná).