Vaticano publica documento sobre títulos marianos e reafirma centralidade de Cristo na devoção a Maria

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A Santa Sé, por meio do Dicastério para a Doutrina da Fé, publicou nesta terça-feira, 4 o documento “Mater Populi Fidelis” (“Mãe do povo fiel”), que aborda a devoção à Virgem Maria e o uso dos títulos marianos na tradição católica. O texto é assinado pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério, e pelo monsenhor Armando Matteo, secretário da seção doutrinária, e foi aprovado pelo Papa Francisco em 7 de outubro.

Resultado de um longo trabalho colegiado, o documento apresenta fundamentos bíblicos e teológicos sobre o papel de Maria na obra de Cristo como “Mãe dos fiéis”, reunindo contribuições dos Padres e Doutores da Igreja, da tradição oriental e de pontífices recentes.

A nota valoriza títulos como “Mãe dos fiéis”, “Mãe espiritual” e “Mãe do povo fiel”, considerados expressões adequadas da maternidade espiritual de Maria. Por outro lado, o documento considera inoportuno o título de “Corredentora”, por entender que ele pode obscurecer a mediação única e salvífica de Cristo. A expressão “Medianeira” é vista como aceitável apenas quando compreendida como cooperação e intercessão subordinada a Jesus, sem sugerir qualquer poder independente de Maria.

Segundo o Dicastério, “tudo em Maria está orientado à centralidade de Cristo”, e sua missão materna deve ser entendida como reflexo da ação redentora do Filho. O texto também alerta para o uso inadequado de expressões populares que possam sugerir que Maria atua como “substituta” da misericórdia divina.

O documento cita ainda reflexões de Joseph Ratzinger (Bento XVI) e posições do Papa Francisco, ambos contrários à proclamação de novos dogmas com títulos como “Corredentora” ou “Medianeira de todas as graças”, considerados doutrinariamente confusos.

Em sua apresentação, o cardeal Fernández reconhece o valor da devoção popular mariana, mas adverte contra interpretações excessivas ou novos dogmatismos que gerem dúvidas entre os fiéis. A nota reforça que Maria conduz sempre a Cristo, e sua veneração deve aprofundar, e não substituir, a fé no Salvador.