Vídeo de prefeita dançando forró de biquíni viraliza e gera debate sobre liberdade, decoro e machismo na política

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A prefeita de Marituba (PA), Patrícia Alencar (MDB), virou assunto nacional nesta quinta-feira (5) após publicar em suas redes sociais um vídeo dançando forró de biquíni. A gravação, postada em seu perfil no Instagram e posteriormente compartilhada em aplicativos de mensagens, dividiu opiniões e reacendeu discussões sobre os limites entre a vida pessoal e o comportamento esperado de uma autoridade pública.

Com 111,7 mil habitantes, Marituba faz parte da região metropolitana de Belém. Patrícia, de 37 anos, está em seu segundo mandato como prefeita — foi reeleita em 2024 com 71,50% dos votos válidos. Natural de Bodocó, no sertão de Pernambuco, ela chegou ao município paraense há cerca de 16 anos, onde começou a trabalhar vendendo utensílios domésticos na feira central. Antes de entrar na política, consolidou-se como empreendedora e é mãe de três filhos.

A publicação da prefeita não foi feita por canais institucionais, mas a repercussão foi imediata. O vídeo gerou uma onda de reações nas redes sociais: de um lado, críticas quanto à postura e à imagem do cargo; de outro, manifestações em defesa da liberdade individual e contra o que muitos apontam como julgamento machista.

“Não se trata de moralismo, mas de responsabilidade com a imagem pública. O cargo exige postura, mesmo fora do gabinete”, escreveu um internauta. Outros usuários destacaram que, diante de desafios sociais importantes na cidade, o episódio pode atrapalhar o foco da gestão e alimentar uma percepção negativa sobre o compromisso com a função.

Em resposta às críticas, Patrícia se manifestou pelo próprio Instagram. “Infelizmente o corpo de uma mulher incomoda mais do que a corrupção, a ineficiência ou o descaso na política”, disse. “Quando um homem se diverte ou relaxa, é visto como autêntico. Mas, quando se trata de uma mulher, ela é julgada, como se isso anulasse sua competência.”

Com mais de 700 mil seguidores nas redes, a prefeita tem apostado em uma comunicação direta com o público, mesclando temas políticos com momentos de sua vida pessoal. Para ela, ser mulher na política ainda significa enfrentar resistências que extrapolam a administração pública. “Mulher pode ser trabalhadora, mãe e ‘bonitinha’”, escreveu em uma publicação com tom de desabafo.

O episódio gerou uma avalanche de memes, análises e debates nas redes sociais — muitos deles centrados em como as lideranças femininas ainda são cobradas por padrões diferentes dos homens. Especialistas ouvidos por veículos de imprensa apontam que, mais do que um caso isolado, a repercussão expõe a tensão constante entre representatividade, visibilidade e expectativa de comportamento na era das redes.

Enquanto o vídeo segue circulando, o caso de Patrícia Alencar transforma-se em mais um capítulo do debate sobre os direitos das mulheres, o machismo estrutural e os limites da exposição pública para figuras políticas.