Detento que provocou incêndio na Penitenciária de Marília estava isolado por indisciplina, aponta boletim de ocorrência

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O detento apontado como responsável pelo incêndio que deixou sete mortos e 12 feridos na Penitenciária de Marília (SP) estava em uma cela disciplinar no setor de inclusão, separado dos demais internos por motivos de indisciplina. A informação consta no boletim de ocorrência registrado na terça-feira (25) e é considerada central para a investigação.

Segundo o documento, o preso permanecia no setor de inclusão — área usada para triagem, admissão e para abrigar temporariamente detentos que precisam ser afastados do convívio geral — e só podia deixar a cela para atendimentos, banho de sol ou situações autorizadas. Foi ali que, segundo a polícia, ele ateou fogo aos próprios pertences, dando início ao incêndio que rapidamente produziu fumaça tóxica e se espalhou pelo corredor.

Ainda não há informações sobre o objeto utilizado para iniciar as chamas. O diretor da penitenciária afirmou em depoimento que acredita que havia outros presos na mesma cela, embora não tenha confirmado. Ele relatou que 14 detentos estavam no setor de inclusão e que parte deles foi encontrada desacordada devido à grande quantidade de fumaça.

O incêndio provocou a morte dos seguintes detentos:
  • Doildo Diego Pires, 35 anos
  • Wallace Ferreira dos Reis, 22 anos
  • Charles Andrey Souto Silva, 44 anos
  • Wender Felipe Maciel, 25 anos
  • Matheus Gregorio da Silva, 22 anos
  • Caio Vinicius Oliveira, 33 anos
  • Thiago Nascimento de Oliveira, 25 anos

Wender Felipe Maciel, 25 anos será sepultado em Ourinhos

A fumaça intoxicou ainda cinco agentes penitenciários, além de outros detentos. Dois presos receberam alta na madrugada de quarta-feira (26), enquanto cinco seguem internados. Todos os servidores intoxicados já foram liberados.

O detento que iniciou o fogo também foi socorrido e permanece internado no Hospital das Clínicas de Marília, sob escolta da Polícia Penal. O caso foi registrado como homicídio e lesão corporal.

Equipes do Corpo de Bombeiros, Samu, Baep e Força Tática atuaram no combate ao fogo, no resgate dos internos e na evacuação da unidade. As vítimas foram distribuídas entre o Hospital das Clínicas, a Santa Casa de Marília e as UPAs Norte e Sul, segundo a prefeitura.

A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) instaurou um procedimento interno para apurar o caso e informou que presta assistência às famílias dos detentos mortos. A Defensoria Pública acompanha o caso e afirmou estar à disposição dos familiares.
O delegado responsável, Luiz Marcelo Perpeto Sampaio, da DIG, informou que um inquérito será aberto para investigar as circunstâncias da ocorrência.

Parece que o detento já tinha algum tipo de problema de indisciplina, ainda é prematuro, mas estamos ouvindo ainda as pessoas”, declarou.

O diretor regional do Sindicato dos Policiais Penais, Luciano Carneiro, destacou que a penitenciária opera acima da capacidade e que a estrutura precária representa riscos constantes. Ele afirmou que os agentes se empenharam para salvar vidas, o que resultou nos ferimentos de seis servidores.

A perícia esteve na unidade na quarta-feira (26), mas ainda não há conclusões sobre a motivação do detento ou possíveis falhas estruturais que possam ter contribuído para a propagação da fumaça.

O Ministério Público não se manifestou até a última atualização.