João Neto: ‘Quando entrar Setembro’

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Noutros agostos vivíamos, sempre, o mesmo flagelo... O frio da noite, acompanhado do vento incessante, deixava no ar um quê de tristeza.

Nunca gostei de dias frios, não embarco neles, me entristeço, me deprimo.

João Neto (Arquivo Pessoal)

O barulho do vento de agosto entoa canções de abismos, sentimentos cavernosos e uma escuridão doída, mesmo em noites de lua.

Penso que, meu desgosto às noites de agosto, vem dos tempos em que meu pai madrugava para labutar nos madeiramentos da cidade... Levantava, se vestia, tomava uma ‘soquinha’ de café e saía escuridão adentro... Eu tinha medo, muito medo. Medo dele não voltar.

As estrelas do céu de agosto brilham menos, perdem a alegria.

O conforto daquelas noites chegava ao amanhecer, os dias de agosto, apesar de ventosos, são ensolarados e de céu azul. 

A virtude de agosto, talvez a única, é que setembro é logo ali, e em setembro as flores se abrem trazendo consigo a esperança, a luz e a primavera!

(Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

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Este texto é do escritor João Neto, um escritor do cotidiano, foi rotulado, pelo crítico Lau Pacheco, como "piloto da caravela da saudade", em virtude do resgate de momentos vividos na infância e adolescência em Ourinhos. 

Após ter seu conto "Ainda Bem Que Você Veio" viralizado nas redes sociais, ficou conhecido em todo o Brasil. Publicou seu primeiro livro de contos e crônicas em 2019.

João Candido da Silva Neto nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) e veio para Ourinhos com 7 anos em 1967. Ele atuou na COPEL (Cia Paranaense de Energia) onde aposentou-se em 2019. Em 2012 se tornou escritor, tendo seus contos e crônicas publicados semanalmente na Folha de Londrina.