MP investiga suposta fraude em composição de chapa da coligação de Guilherme Gonçalves em Ourinhos

Mulher alega que teve nome registrado como pré-candidata a vereadora sem o seu consentimento. Partido nega.
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A Promotoria de Justiça de Ourinhos está investigando uma denúncia apresentada por Vânia Pereira da Silva, que alega ter tido sua pré-candidatura para vereadora registrada sem seu consentimento. A denúncia foi formalizada na última sexta-feira, 26, na 4ª Promotoria de Justiça de Ourinhos, perante o promotor Lúcio Camargo de Ramos Junior.

Vânia revelou um suposto esquema de manipulação envolvendo o vereador Roberto Tasca e um dos coordenadores da coligação do candidato a prefeito de Ourinhos, Guilherme Gonçalves (Podemos), conhecido como "Marinho", supostamente vinculado ao Partido Republicanos de Ourinhos. Segundo Vânia, ela foi enganada para compor a chapa sem seu consentimento real, sendo apresentada como pré-candidata a vereadora sem ter ciência de sua inscrição oficial.

A situação se agravou quando Vânia descobriu que seu nome havia sido usado em documentos sem sua autorização, incluindo uma lista de presença na ata de convenção do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Ela declarou ter sido pressionada por Marinho e outros membros do grupo para participar de eventos políticos e assinar documentos.

Vânia relatou que Roberto Tasca a procurou logo após ela passar por uma cirurgia, pedindo fotos de seus documentos para ajudar na campanha de Guilherme Gonçalves. Sem saber que estava se filiando ao PDT, ela só foi informada posteriormente que seria pré-candidata a vereadora. Mesmo comunicando a Marinho, através do WhatsApp, que não queria ser candidata e não
participando da convenção do partido, Vânia descobriu que seu nome constava na ata do PDT como candidata a vereadora em Ourinhos.


A convenção da coligação dos candidatos a prefeito e vice-prefeito de Ourinhos, Guilherme Gonçalves e Alexandre Zóio (ao centro) aconteceu no dia 20 de julho na Câmara Municipal de Ourinhos e Vânia não esteve presente (Foto: Reprodução)
 
A reclamante apresentou provas substanciais, incluindo mensagens de WhatsApp e gravações de áudio, que corroboram sua denúncia. Estas evidências foram encaminhadas para análise do Ministério Público. A expectativa é que os responsáveis enfrentem as consequências legais.

Vânia solicitou formalmente ao promotor a retirada de sua candidatura, afirmando que não deseja concorrer.

O outro lado
Em resposta às acusações, o presidente do PDT de Ourinhos, Dr. André Mello, lamentou a conduta de Vânia Silva. Ele afirmou que Vânia expressou desde abril sua vontade de ser pré-candidata pelo PDT, participando de reuniões e workshops e enviando documentos para o registro de sua candidatura. Dr. Mello destacou que Vânia nunca assinou documentos sem conhecer o conteúdo e que ela participou ativamente de sua pré-campanha, como comprovado por diversas mensagens e áudios.

Dr. Mello acrescentou que, no dia 22 de julho de 2024, dois dias após a convenção do partido, Vânia comunicou sua intenção de desistir da candidatura, sendo prontamente atendida. Seu nome não constou do registro do CANDEX e do RRC encaminhado à Justiça Eleitoral. Ele afirmou que o nome de Vânia apenas constava na ata da convenção devido à sua participação ativa até o dia 20 de julho. Dr. Mello finalizou dizendo que o PDT apresentará ao Ministério Público todos os documentos que comprovam a ampla participação e ciência de Vânia em sua pré-candidatura.

Reincidência
Não é a primeira vez que Marinho se envolve em problemas eleitorais. Nas últimas eleições, ele esteve no centro de uma controvérsia relacionada à fraude na cota de mulheres, o que resultou
na cassação de toda a chapa do Republicanos, levando a cassação dos ex-vereadores Alexandre Zóio (hoje está no PL e é candidato a vice-prefeito de Guilherme) e Cícero investigador.