Os vereadores de Ourinhos aceitaram, com 10 votos a favor (veja abaixo a imagem dos vereadores) e quatro contrários (Vadinho (PSDB), Flavinho do Açougue (PL), Alexandre Zóio e Cícero Investigador [ambos do Republicanos]), na noite desta segunda-feira, 15, durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Ourinhos, a representação formulada pelo servidor Márcio Roberto Fermiano, por quebra de decoro parlamentar, contra o vereador Edvaldo Lúcio Abel “Vadinho” (PSDB). A denúncia do servidor pede, entre outras coisas, a cassação do vereador Vadinho.
Antes da votação foi lida a decisão do Juiz de Direito da 1ª Vara Cível de Ourinhos, Dr. Nacoul Badoui Sahyoun, que restabeleceu o regramento definido pela Lei Orgânica do Munícipio de Ourinhos, em seu artigo 121, que não estava sendo observado pela presidência da Câmara, desde a última representação apresentada no Legislativo, no qual o vereador somente é afastado de seus trabalhos e da votação da aceitação de denúncia quando é o denunciante e não o denunciado, portanto não havia motivo da convocação de suplentes, tanto agora, como quando os vereadores Éder Mota (MDB) e Santiago de Lucas Ângelo (DEM) foram denunciados por supostos empréstimos consignados irregulares.
Como não foi afastado, Vadinho usou a tribuna por dez minutos e fez um apelo para os vereadores da base, que o ignoraram completamente. Depois da votação o vereador ainda informou a todos que deverá recorrer mais uma vez à Justiça.
“Eu não tenho dúvidas que iremos conseguir provar (...) Estaremos apresentando esta ação anulatória e não tenho dúvida nenhuma que vamos mostrar a verdade mais uma vez, como disse a minha filha”, destacou Vadinho que citou uma conversa com a sua filha, que teria o tranquilizado de que a verdade vai aparecer.
Após aprovação, foi instaurada através de sorteio uma CP (Comissão Processante), que ficou formada pelos vereadores Salim Mattar (PSDB), Flávio Luis Ambrozim (PL) e Éder Mota (MDB), que agora terão a missão de apurar o fundamento da denúncia que está baseada em áudios inaudíveis e não periciados publicados por um site de Ourinhos (site recebeu só na gestão municipal do prefeito Lucas Pocay (PSD) mais de R$200 mil em verbas públicas), que comprovariam uma eventual combinação entre o empresário Ricardo Simões (Delfim Verde) e o vereador para “derrubar” o prefeito Lucas Pocay.
O Passando a Régua recebeu tais áudios que supostamente incriminam o vereador, porém estão em péssima qualidade, impossível de se avaliar.
O denunciante
O auxiliar geral Márcio Roberto Fermiano, é um servidor com privilégios na SAE e ostenta uma F. C. (Função de Comissão), que é um incremento substancial em seu salário. Ele tem grande histórico de aproximação ao prefeito Lucas Pocay (PSD), inclusive com intensa participação nas redes sociais, com frequentes postagem favoráveis a Lucas e contrárias aos adversários políticos do atual prefeito.
Formação da CP vai propiciar maior liberdade na apuração
Como estabelece a Lei Orgânica, foi garantida no sorteio dos integrantes da CP a proporcionalidade partidária. Com isso apenas um de cada partido representado na Câmara participou do sorteio. Na urna de sorteio estavam os seguintes nomes: Abel Diniz Fiel (PSD), Salim Mattar (PSDB), Santiago (DEM), Alexandre Zóio (Republicanos), Sargento Sérgio (PP), Éder Mota (MDB) e Flávio Luis Ambrozim (PL).
De três possíveis (Salim Mattar, Alexandre Zóio e Flavinho) contra quatro da base do prefeito, a oposição conseguiu o sorteio de dois membros, com isso terá total liberdade para aprofundar as investigações do caso e até mesmo buscar respostas que até agora são um grande mistério, como por exemplo:
Quem gravou os áudios inaudíveis?
Em quais circunstâncias e interesses as falas foram capturadas e suspostamente vazadas?
Por que o tal site foi responsável pela publicação?
Como chegaram na conclusão de que o vereador estaria armando contra o prefeito?
Como o servidor elaborou a denúncia tão rapidamente?
Já está definido que Flavinho e Salim Mattar ocuparão as funções de destaque da CP (Presidente e Relator). Salim não participou da sessão, mas já teria mantido contato com o presidente da Câmara. Sua ausência acontece desde a última sessão, por problemas de saúde.
Vereador Santiago tentou suspender mais uma vez a CPI da Delfim Verde
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da “Delfim Verde” foi restabelecida nesta segunda-feira, 15, após a votação da representação contra o vereador Vadinho, que foi mantido como relator. Mas o vereador Santiago, da base de sustentação de Lucas Pocay, tentou uma manobra para manter a suspensão da CPI. Santigo chegou a pedir que CPI da “Delfim Verde” fosse suspensa até a finalização dos trabalhos da CP contra o vereador Vadinho, ou então, que o vereador denunciado fosse retirado da CPI e trocado por outro vereador.
Porém, Santiago logo foi alertado que, de acordo com pareceres da procuradoria da Câmara, Vadinho não pode ser afastado da sua função na CPI, pois o afastamento só seria possível de forma definitiva e a denúncia contra o mesmo ainda nem sequer foi apurada, portanto não há motivos concretos que justificaria o pedido do vereador Santiago, que, sem graça e constrangido, retirou o requerimento e disse que a CPI poderia transcorrer normalmente da maneira que está.
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Ricardo Simões será ouvido pela CPI na quinta-feira, 18, às 9h
O presidente da CPI da Delfim Verde, vereador Cícero Investigador informou ao Passando a Régua, que o empresário Ricardo Xavier Simões será ouvido pela comissão na manhã da próxima quinta-feira, 18, às 9h. A oitiva com Simões estava marcada para acontecer na terça-feira passada, 9, e não aconteceu após a suspensão ocorrida um dia antes.
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Confira como foi a sessão completa abaixo: